Ulrike Beck |
Conheci a Ulrike este ano, partilhámos o mesmo espaço de tratamento e todos os dias ela pegava na sua bicicleta e percorria largos Kms, alguns deles na procura dos simpáticos esquilos. Trazer aqui o seu testemunho, no mês que internacionalmente se designou pelo mês do lipedema parece-me pertinente, mesmo que ela sofra também de linfedema.
O testemunho da Ulrika foi feito na sua lingua materna, o alemão (abaixo) por isso tive de contar com a tradução para português:
"Tenho 55 anos, o meu lipo-/linfedema (o linfedema é pouco desenvolvido e localizado na parte inferior das pernas) só foi diagnosticado há 5 anos, contudo terá começado em criança. Na altura eu tinha um peso normal mas muitas vezes referiam-se a mim como "coxas gordas”. Eu não tinha muita consciência da situação e considerava ser um insulto, mas não pensei mais no caso.
Com o passar dos anos o meu peso foi aumentando e as minhas pernas ficaram cada vez mais grossas.
Só cerca dos 35 anos é que comecei a notar que as coxas eram desproporcionalmente gordas em relação ao resto do corpo, mas continuei a pensar que não era nada sério. Atribui a situação ao meu peso e não dei grande importância.
Devo dizer que não tenho nenhumas dores, mas desde pequena tenho frequentemente nódoas negras, mesmo quando bato ao de leve em qualquer lado.
Há cerca de 15 anos vi na televisão vários relatos de mulheres com lipedema, a partir de então soube que também tinha. No entanto, não me atrevi a procurar um médico, porque tinha muita vergonha das minhas pernas.
Embora eu tenha, ao longo da vida, consultado muitos médicos, por razões de saúde, não houve um único que tivesse referido esta doença, o que demonstra ser relativamente desconhecida.
Há cinco anos consultei pela primeira vez um médico que, sem me dar esclarecimentos, receitou-me de imediato meias de compressão. No entanto, a ideia de usá-las era de tal forma insuportável que eu recusei-me a pô-las. Dois anos mais tarde consultei um especialista que realiza também lipoaspiração em doentes com lipedema. No entanto, no meu caso, ele referiu que eu tinha de perder 20 a 30Kgs e aconselhou-me um médico muito bom em Karlsruhe, Alemanha, onde estou a ser seguida.
Após três semanas de drenagem fiz o meu primeiro tratamento de compressão. Nesta altura as minhas pernas perderam um volume considerável. Apesar da tortura que é o uso diário das meias de compressão e de fazer regularmente drenagem linfática as minhas pernas, no espaço de dois anos, voltaram a ganhar bastante volume. Por este motivo tive de passar quatro semanas na FöldiKlinik, em Hinterzarten. No entanto, o tratamento não teve resultados visíveis. Mas aprendi que no máximo a compressão consegue estabilizar a doença mas não vá melhorar substancialmente.
Fui aconselhada, na Földi Klinik, a reduzir substancialmente o meu peso, colocando um bypass gástrico, para que o meu lipedema pudesse melhorar (nunca irá desaparecer mas será de contar com uma melhoria). Vou ter de participar num programa de adiposidade que me preparará para a cirurgia. Enviei a documentação para o serviço de saúde e veremos o que irá acontecer."
Texto de Ulrike Beck traduzido por Ana Maria Costa
Ich bin jetzt 55 Jahre, mein Lip-/Lymphödem (Lymphödem wenig ausgeprägt und nur im Unterschenkel) wurde erst vor 5 Jahren diagnostiziert. Begonnen haben muss es bereits in jungen Jahren, ich wurde – damals bei Normalgewicht – des öfteren auf „dicke Oberschenkel“ hingewiesen. Mir war das selbst nicht so bewusst, und ich habe das allenfalls als Beleidigung aufgefasst, aber mir sonst nichts weiter dabei gedacht.Im Laufe der Jahre habe ich erheblich zugenommen, auch meine Beine wurden immer dicker. Erst mit etwa 35 Jahren bemerkte ich, dass die Oberschenkel im Vergleich zum restlichen Körper irgendwie überproportional dick waren. Ich schob das auf mein Gewicht, dachte mir immer noch nichts ernsthaftes dabei. Ich muss dazu sagen, dass ich keine Schmerzen habe, jedoch von klein auf zu blauen Flecken neige, auch wenn ich mich nur leicht irgendwo anstoße.Vor etwa 15 Jahren dann sah ich im Fernsehen diverse Berichte über Frauen mit Lipödemen, von da an wusste ich, dass ich das auch habe. Ich wagte aber deshalb keinen Arzt aufzusuchen, zu sehr schämte ich mich über meine dicken Beine.Obwohl ich aus gesundheitlichen Gründen vielerlei Ärzte in meinem Leben konsultiert habe, hat mich kein einziger Arzt je darauf hin angesprochen, was darauf schließen lässt, dass dieses Krankheitsbild relativ unbekannt ist.Vor 5 Jahren dann habe ich erstmals einen Arzt konsultiert, der hat mich jedoch nicht weiter aufgeklärt und mir gleich eine Kompressionsstrumpfhose verschrieben. Der Gedanke daran war für mich jedoch so unerträglich, dass ich mich geweigert habe, eine solche zu tragen.2 Jahre später dann stellte ich mich bei einem Spezialisten vor, der auch Liposuktionen bei Lipödemen vornimmt. Dieser verwehrte mir allerdings eine solche, und meinte, ich müsse erst mindestens 20-30 kg abnehmen. Er empfahl mir dann einen sehr guten Arzt im Raum Karlsruhe, bei dem ich seither in Behandlung bin. Nach einer 3-wöchigen Entstauungsphase bekam ich dann meine erste Kompressionsversorgung. Meine Beine hatten in dieser Zeit erheblich an Umfang verloren.Trotz der Qual des täglichen Tragens der Kompressionsstrumpfhose und regelmäßiger Lymphdrainage haben meine Beine aber innerhalb von 2 Jahren wieder gewaltig an Umfang zugenommen. Ich durfte deshalb im April für 4 Wochen in die Földiklinik nach Hinterzarten.Diesmal jedoch blieb der Erfolg jedoch – trotz täglichen Bandagierens bis zu den Oberschenkeln - weitgehend aus, was ich mir selbst nicht erklären kann, da mir doch die erste Entstauungsphase soviel gebracht hatte.Ich habe dort erfahren, dass Kompression die Erkrankung bestenfalls aufhält, aber nicht wesentlich verbessert. Die Lymphpatienten dagegen konnten deutliche Erfolge erzielen.Mir wurde in der Klinik empfohlen, mein Gewicht durch eine bariatrische Operation deutlich zu reduzieren, dann würden auch die Lipödeme wesentlich besser (verschwinden werden sie nie, aber es ist mit einer Verbesserung zu rechnen). Ich durfte dann an einem Adipositasprogramm teilnehmen, das mich auf eine Operation vorbereitet. Die Unterlagen wurden nun an die Krankenkasse geschickt, und man wird sehen, wie sich das Ganze weiterentwickelt.
Texto : Ulrike Beck
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Manuela (L de linfa)