Linfedema, Diagnóstico e Tratamento

J Pereira Albino
cirurgião vascular
O Linfedema apesar de atingir cerca de 120 a140 milhões de pessoas a nível mundial,  é uma doença que continua desconhecida e, infelizmente, no nosso país, com escassas possibilidades de tratamento a nível publico, encontrando-se este confinado aos IPOs.
O linfedema é uma doença crónica, que atinge em especial os membros mas que pode atingir outras partes dos corpo nomeadamente os órgãos genitais ou a cabeça. Esta é uma doença, com marcada repercussão social, para a qual é necessário, cada vez mais, a exemplo do que acontece na maioria dos países ocidentais, haver uma maior sensibilidade por parte das autoridades de saúde.
Apesar do grosso dos doentes com linfedema se situarem nos países em que a filaria é endémica, não poderemos esquecer que em termos globais cerca de 30 milhões de pessoas sofrem de linfedema primário e cerca de 20 milhões sofrem de linfedema pós mastectomia. São efetivamente números impressionantes que urge olhar, diagnosticar e tratar.
De uma forma geral os linfedemas  podem dividir-se em primários (congénitos, e de aparecimento precoce ou tardio) e que hoje em dia são considerados como malformações linfáticas (ausência ou alteração dos linfáticos de etiologia congénita) e os linfedemas secundários a múltiplas situações nomeadamente de carácter infeccioso (filaríase, erisipelas de repetição) pós cirurgias ou pós radioterapia. Sabemos hoje que edemas como o que acontece após uma fractura ou uma cirurgia ortopédica têm um marcado componente linfático o que a ser contabilizado engrossaria ainda mais o numero dos que têm uma situação linfática que claro pode ser, como na maioria destes casos, transitória.
O diagnóstico é na maioria dos casos clinico devendo ter-se em atenção em especial a distinção com o lipedema  dos membros inferiores (situação de edema congénito, de carácter familiar, doloroso, e em que não há envolvimento do pé, nem sinal de Stemmer, e em que o edema é de consistência mais mole).
Nas formas mais moderadas, a linfocintigrafia pode ser uma ajuda importante para um diagnóstico mais correto e para a instituição de uma terapêutica que terá forçosamente de ter um carácter crónico.
É necessário transmitir aos doentes que o linfedema é um quadro clínico que implica uma mudança substancial de vida, de forma a esta ser vivida com qualidade, evitando o aparecimento das formas extremas da doença. A terapêutica, que deve ter um componente multidisciplinar (em que é fundamental além da fisiatria o componente de apoio psicológico e nutricional) baseia-se sobretudo em medidas higieno diéteticas (prevenção das infecções cutâneas, das micoses ungueais, a higiene das extremidades afectadas e o evitar traumatismos das mesmas) associada à contenção elástica (na maioria dos casos feita por medida) e à terapia descompressiva que tem como base a massagem de drenagem linfática. O uso de profilaxia antibiótica, com penicilina e os diuréticos em baixa dosagem, podem ser indicados sobretudo nas fases iniciais, em que se pretende uma redução mais marcada do edema.
A cirurgia fica normalmente reservada para formas extremas da doença, (formas já de elefantíase) muito centralizada nos membros e na redução do volume dos mesmos, após terapia fisiátrica intensiva.
As cirurgias linfáticas propriamente ditas têm uma expressão muito diminuta estando confinada  a alguns centros mundiais que não têm resultados substancialmente credíveis.
As associações de doentes que, com o incremento das redes sociais, existem pelo mundo e que no nosso país começam a ter alguma repercussão, são fundamentais para lidar com uma doença crónica com implicações importantes a nível funcional e também estético.

24 comentários:

  1. È a primeira vez que encontro em português a explicação acessivel sobre o este problema que só agora é que estou a consciencializar. No meu caso não sabia que o que eu tenho, que me causa muitas dores, é um lipedema. Este artigo ajudou-me e ajuda as pessoas a compreenderem os problemas que têm.
    Apesar de ao longo de vários anos tentar resolver o meu problema de saude, finalmente encontrei, pela primeira vez, um médico que me elucidou realmente não só do meu problema de varizes, que me está a tratar, mas também do lipedema (que eu desconhecia o que era)
    Muito Obrigada Dr Pereira Albino por ser meu medico e por tocar no coração das pessoas
    Maria Rosário Correia

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    1. Muito Obrigada, Maria Rosário, pelo seu comentário e pela sua partilha.
      Na verdade, na minha modesta opinião, é muito importante a divulgação e, também eu, estou grata ao Dr Pereira Albino por ter facultado, para este espaço, esta participação no Forum Ibérico dado que, no meu entender, o acesso a este documento abre-nos uma oportunidade para, na nossa língua mãe, nos esclarecermos.
      Se linfedema não é uma patologia muito conhecida no nosso país, imagino a dificuldade que teve para chegar à conclusão que sofria de lipedema…
      Lembre-se que agora está no caminho certo e é só trilhá-lo com determinação e partilha
      Obrigada uma vez mais, Maria Rosário
      Manuela

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    2. Tenho 22 anos tenho linfedema primário ! Me ajudou muito a explicação. Meu email tais.almeida@hotmail.com

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    3. Muito Obrigada pelo seu comentário, que irei transmitir ao Dr Pereira Albino :)

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  2. A colaboração do Dr. Pereira Albino, é um contributo incontornável e da maior importância, tanto ao nível da divulgação da patologia (que muitos desconhecem), como nos tratamentos curativos e preventivos. De fato é da máxima importância manter a população afetada, informada e alerta para os fatores de risco e soluções viáveis para os tratamentos que, presentemente ainda estão pouco divulgados. Parabéns pela janela de oportunidade que “L de Linfa” veio dar a todos que padecem deste problema, pela possibilidade de partilha de experiência e procura de soluções.

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    1. Muito Obrigada, Aida Nunes, pelo comentário, para nós é muito importante ter a opinião de quem nos lê :)

      Manuela

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  3. Possuo um lipedema congénito no membro inferior esquerdo. Gostaria de saber se há possibilidade de ser sujeita a algum tipo de cirurgia.
    Por fim agradecer ao drº Pereira Albino

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    1. Bom Dia Sara
      Muito Obrigada pelo seu comentário
      Gostaria de poder responder à sua questão por isso solicito que nos deixe um contato (email). O meu email é l.de.linfa@gmail.com.
      O seu agradecimento e dúvida vai ser reencaminhado para o Dr Pereira Albino
      Um bom Dia para si
      Manuela

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  4. Cara Manuela,

    Queria dar-lhe os meus parabéns por estar a gerir esta iniciativa de divulgacao de informacao sobre o linfedema. Enquanto especialista de cirurgia plastica e residente na Alemanha, dedicada já há mais de uma década ao tratamento cirurgico de doencas do sistema linfático, reconheco que nos últimos anos a maior parte dos progressos em termos de gestao adequada de recursos médicos aqui na Alemanha foram motivados por associacoes de doentes como a sua. Por isso lhe desejo muita corragem e energia para por de pé um movimento semelhante em Portugal. Pode procurar apoio competente também em Lisboa na equipa de Fisiatria da Dra. Teresa Amaral no IPO, onde trabalha também o Dr. Nuno Duarte (chefe dos Fisioterapeutas do IPO) e o Dr. Pedro Melo que se especializaram nestas doencas, e sao profissionais muito dedicados.
    Desejo-lhe muita sorte!
    Com os meus sinceros cumprimentos,
    Dr. Catarina Hadamitzky
    Hildesheim
    Alemanha

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    1. Muito Obrigada, Dra Catarina, pelo seu comentário encorajador. Irei, sem dúvida, seguir a sua sugestão e terei todo o gosto em partilhar consigo o resultado. Irei tentar encontrar o seu mail para poder falar um pouco mais consigo.
      No entanto, quero deixar aqui muito claro o meu MUITO obrigada :)
      Manuela
      l.de.linfa@gmail.com

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  5. L de Linfa está de parabéns pela forma vertiginosa como está a crescer, mas sobretudo por ter a Manuela na sua liderança. Parabéns, Manuela. Mereces tudo isto e muito mais que ainda virá. Bjs

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Obrigada pelo comentário.
      Poder partilhar é conseguir crescer juntos, de mão dada com TODOS (tenhamos ou não a patologia)
      Obrigada, por estar aí|aqui :)

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  6. Olá, me chamo Luziene Smith, tenho linfedema a 7 anos E até agora não consegui encontrar um tratamento que melhorasse o meu edema...
    Preciso da ajudar de vocês, se puderem entrar em contato comigo serão muito grata, este é o meu e-mail de contato: luziene.smith2010@yahoo.com.br
    Aguardo contato

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  7. Boa noite,
    Tenho um lipedema diagnosticado há 3 anos.
    Gostaria de obter uma segunda opinião e aconselhamento.
    O meu contacto - jfreitasluis@gmail.com
    Grata
    Joana

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  8. Boa noite!
    Cuido da minha mãe já há alguns anos...
    Ela é diabética com 2 dedos do pé amputados devido a diabetes. Porém agora está controlada devido aos medicamentos (insulina Lantus e jardiance). Porém, venho por meio desta pedir uma ajuda com relação aos inchaços em seus pés/pernas. Principalmente pelo calor que está fazendo. O angiologista apenas passa aldactone. Gostaria de saber se há outro remédio que possa a ajudar. Muito obrigado e aguardo retorno!

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    1. Caro Kennedy

      A situação da mãe não tem a ver, em principio, com a existência de um linfedema. Deve-se ao quadro de diabetes e de falta de circulação que ela apresenta nos membros inferiores mas que pode atingir muitos orgãos nomeadamente o rim e causar edemas.
      São situações muito específicas e têm de ser orientadas caso a caso.
      Tem de colocar o problema ao médico que a trata que de certeza lhe indicará a terapêutica mais adequada para diminuir o quadro dos edemas sem prejudicar outros orgãos.
      J.Pereira Albino

      Muito Obrigada pelo contacto, é bom ver o seu cuidado (espero em breve que sinta mais tranquilidade na situação de saúde da mãe - oiça a opinião do médico...
      Cumprimentos
      Manuela

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    2. Bom dia!
      Muito obrigado pelo retorno!
      São de pessoas como vocês que o mundo precisa em abundância!

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  9. Descobri essa semana que tenho linfedema nno membro inferior esquerdo. Passei no vascular para tratar varizes e por ter um inchaço na panturrilha, sinto muita dor é constrangedor.Estou tratando ,usando meia elástica, fazendo exercícios físicos ...Eu não tinha noção do que era essa doença e fiquei muito feliz xô o esclarecimento da L de linfa, meu muito obrigada! Enviarei um email para esclarecer algumas dúvidas.

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    1. Elaine tem de ver se tem também o pé inchado... se não tem (e porque dz que tem dores) pode ser lipedema ou então um edema venoso.
      Analise bem com o seu médico

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  10. Boa noite!
    Tive uma torção leve no meu pé esquerdo há 6 meses +- e desde então meu pé incha sempre. Há dois meses começou a inchar de uma forma muito anormal. Fui diagnosticada com linfedema. Meu inchaço fica mais concentrado no tornozelo e pé. Estou fazendo drenagem linfática, usando meia de media compressão e tomando o venalot há um mês e meio, mas não tenho visto melhora.
    É possível reverter a situação ou teria que conviver com isso pro resto da vida?
    Segue meu e-mail: gabicamargo88@hotmail.com
    Obrigada!!!!

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    1. espero que a resposta que lhe dei tenha sido esclarecedora
      Um Feliz Natal

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Muito Obrigada :)
Manuela (L de linfa)