Para quem tem linfedema o vestir (e o calçar) é sempre um desafio constante.
A Marytina - que tem linfedema nos membros superiores, pós cancro de mama - abre, para nós, os seus segredos, partilhando como mantém a total elegância, trocando as voltas às medidas convencionais dos fatos que se podem adquirir em loja. Com a ajuda de uma fita branca, a manga ficou mais larga e esse toque é continuado na gola que, não necessitando de ser alargada, encontrou, com a aplicação de uma fita branca mais estreita, a perfeição na alteração dada ao conjunto.
Esta partilha é mais um gesto de generosidade, por parte da Marytina que me deixa um sorriso grato dado que, estou certa, esta solução será seguida por muitos outros.
Obrigada Marytina, por este toque elegante partilhado connosco, tanto no "Linfedema em Português" como aqui, no L de linfa.
Este post poderia realmente ficar circunscrito à área do linfedema mas na verdade a resposta da estilista Anne-Cécile vai para além dessa população.
Porque ela própria é portadora de uma doença crónica, a Anne-Cécile tem uma sensibilidade mais apurada para as necessidades particulares de cada patalogia
O Talents des Cities em 2015, foi uma rampa de lançamento para o seu trabalho e trouxe-lhe uma visibilidade que a ajudou a abrir outras portas.
Na verdade quando se fala com Anne-Cécile Ratsimbason sente-se paixão pelo que faz.
Esta estilista, 34 anos, vive em França mas viaja regularmente até à Alemanha e responde, por medida, às necessidades de vestuário de pessoas com necessidades especiais
Abaixo Anne Cécile fala para o L de linfa relatando um pouco a sua experiência pessoal
Bonjour, je suis styliste médicale, je m´appelle Anne-Cécile Ratsimbason, j´ai 34 ans, et j´ai décidé il y a 4 ans de mettre mon savoir-faire de styliste au service de la santé,
des maladies chroniques et invalidantes, pour toute condition physique, et surtout pour tous les âges.
Et j´adore cette activité !
Mon aventure autour du lymph. a commencé en 2016, lorsque l´équipe soignante du service de lymphologie de l´hôpital de Cognac-Jay m´a contactée sur un salon médical.
Je n´en avais alors jamais entendu parler. L´équipe médicale m´a fait part du besoin considérable d´inventer des vêtements, modes, jolis, mais adaptés.
J´ai d´abord commencé à animer des ateliers au sein de cet hôpital, pour me familiariser avec la vie avec un lymphoedeme, ses contraintes, son quotidien.
Puis, j´ai rapidement compris le souhait de chacune (je n´ai vu que peu d´hommes) de s´habiller facilement, sans contrainte, tout en continuant d´être soi-même: rock star, poète, romantique, sportive, …
Et non plus être contrainte de porter des vêtements par défaut, et qui ne vont pas aux manches, ou qui ne s´enfilent pas correctement au niveau de la jambe.
Continuer d´être soi-même malgré tout !
Alors depuis, et avec le plus grand des plaisirs, j´habille des femmes, sur-mesure.
On discute longtemps sur les formes, les motifs, le design, pour que tout ne fasse qu´un et corresponde à la vie de chacune, et à chaque personnalité.
Dans mon travail, je remarque souvent que prendre soin de son style, de soi, est une forme de thérapie.
Le plus important reste de retrouver l´estime de soi au travers d´une vision positive de son corps.
J´anime toujours des ateliers, et je suis à chaque fois très émue de rencontrer des profils de femmes différentes.
Para quem tem linfedema, ou lipedema, sabe que moda é algo que não é fácil de aplicar.
"os sapatos da minha avó" muito confortáveis, acrescento J
Dificilmente compro umas calças ou uns sapatos.
Não perco tempo a olhar para montras, sei que não têm resposta para mim. E, quando encontro algo que seja minimamente aceitável decido, no caso dos sapatos, comprar logo mais de um par (apliquei mal o tempo verbal... deveria ter dito "decidia comprar"... faz já muito tempo que uso os meus Louboutin ou, como também designo os sapatos que calço, "os sapatos da minha avó", é assim que carinhosamente defino o modelo que já a minha avó usava e que, sem dúvida, é um excelente avanço na minha moda... cheguei a usar, de inverno e de verão, os sapatos pós cirúrgicos.
Recentemente fui conduzia para o blog de uma cantora húngara, Andrea Gerak, e foi interessante constatar que também ela, com linfedema secundário, à semelhança de outros blogs pelos quais tenho passado, tem um apontamento sobre moda. Neste blog fala-se de uma solução numa das peças onde também não é fácil uma solução: as jeans. Fiquei francamente agradada por ver que estilistas como Jacob Cohen estavam envolvidos em soluções de vestuário para linfedema.
Não são só os designers de moda italianos que dão soluções em vestuário inclusivo. Ao conversar com o Prof Miguel Ângelo Carvalho, Universidade do Minho, fui agradavelmente surpreendida com o projeto em que está envolvido, o da adaptação de jeans às funções do dia a dia, evitando assim problemas circulatórios...
O nome da Universidade do Minho é ainda uma referência no projeto que também tem o nome do engenheiro têxtil Miguel Ângelo Carvalho, quando se fala de vestuário inclusivo (para acamados ou pessoas com mobilidade em cadeira de rodas).
Para que visualizem o que aqui refiro, à margem das soluções para o linfedema e lipedema, deixo os link's que têm um cunho de Portugal: o do projecto das jeans (FYT) e o do vestuário inclusivo (we adapt).