Petição: 2018 - consciencialização para o linfedema, no Dia Mundial de Saúde

Foi sem dúvida um grande marco o que aconteceu o ano passado, quando o senado americano declarou o dia 6 de março de 2016 o primeiro dia mundial do Linfedema. Mas foi apenas o começo de um percurso que queremos de vitória.




Presentemente está a acontecer uma petição que a Organização Mundial de Saúde faça, em 2018, uma chamada de consciencialização para o linfedema, no Dia Mundial de Saúde.

"O Dia Mundial da Saúde é uma oportunidade única de alertar a sociedade civil para temas-chave na área da saúde que afetam a humanidade e para desenvolver atividades com vista à promoção do bem estar das populações, assim como de promover hábitos de vida saudáveis. Nas escolas portuguesas realizam-se várias atividades escolares para incutir aos alunos a importância da manutenção de um estilo de vida saudável." (daqui)

Na carta que William Repicci, Diretor Executivo, LE & RN, escreve podemos ler:

"No ano passado, trabalhando em estreita colaboração com os apoiantes, a Lymphatic Education & Research Network (LE&RN), lutou-se pelo reconhecimento. há muito devido, do linfedema  e das doenças linfáticas. 

Como resultado o Dia Mundial do Linfedema foi celebrado a nível mundial. Isso é o que é possível, quando libertamos a nossa energia e nos focamos.

Estas são  apenas algumas das celebrações, anúncios e resoluções legislativas a nível mundial, que  reconhecem esta conquista:
  • representantes de mais de 25 países participaram do vídeo de lançamento;
  • o Senado dos Estados Unidos aprovou por unanimidade uma  lei que estabelece o dia 6 de março como o Dia Mundial do Linfedema;
  • a Índia anunciou o WLD (Dia Mundial do Linfedema) numa Conferência da AIIM, em Nova Deli;
  • a América do Sul criou um vídeo com representantes de todos os países afirmando seu apoio e defesa;
  •  o presidente da Associação de Linfedema da Galiza, na Espanha, escreveu: "Não só você estão a trazer uma grande mudança no linfedema para aqueles que vivem nos EUA, mas também uma grande mudança para o mundo.
    Deus abençoe o Dia Mundial do Linfedema!
Agora, unimo-nos em solidariedade com os defensores globais do linfedema para pedir que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declare "Linfedema: Consciencialização & Curas" como o foco do Dia Mundial da Saúde 2018. 

O nosso objetivo é fazer do linfedema e das doenças linfáticas uma prioridade global.
O nosso objectivo é envolver os governos einvestigadores de todo o mundo para se dedicarem a encontrar tratamentos e curas avançados.
O nosso objetivo é enfrentar a incrível carga psicossocial daqueles com linfedema que se sentiram marginalizados, não conseguem encontrar tratamento e cuja qualidade de vida foi negativamente transformada por esta doença.

De acordo com esses objetivos, pedimos que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declare "Linfedema: consciencialização & Curas" o foco do DIA MUNDIAL DA SAÚDE 2018

Facto: A OMS estima que mais de 150 milhões de pessoas em todo o mundo têm linfedema secundário
Facto: O NIH estima que o linfedema primário poderia afectar 1 em cada 300 nascidos vivos
Facto: A OMS estima que mais de 120 milhões estão infectados com filariose linfática, deixando 40 milhões desfigurados e incapacitados

O Dia Mundial da Saúde da OMS é reconhecido em 7 de abril. Foi estabelecido para ser um apelo à ação para questões de saúde críticas que afetam a população mundial.

A campanha do Dia Mundial da Saúde 2017 é a "Depressão", que teve início em outubro de 2016 e está focada na prevenção e tratamento

Este ano, pedimos que a comunidade doenças linfática assine uma petição pedindo que a OMS faça Dia Mundial da Saúde 2018: "Linfedema: Consciencialização & Curas"

Precisamos da consciencialização para que médicos e terapeutas estejam preparados para tratar todos os que se dirijam a eles com linfedema e doenças linfáticas.

Precisamos de consciência para inspirar as comunidades a nível mundial a abraçar esta como uma causa comum.

Precisamos de consciencializar para encorajar as nossas maiores mentes a se envolverem em investigação e nas nossas instituições para então priorizar o financiamento desta investigação. E então nós precisamos que encontrar uma cura seja uma prioridade global. 

Milagres aguardam se nos dedicarmos a encontrá-los.

O sucesso depende de nós.

O sucesso depende de ti!

Faz com que a tua voz ouvida e assina esta petição.
Atenciosamente,
William Repicci
Diretor Executivo, LE & RN"

ASSINEM A PETIÇÃO AQUI



Linfedema dos membros: uma patologia vascular esquecida?

Na Revista Portuguesa de Cirurgia cardio-torácica e vascular, numa edição de 2009, nº2 do volume XVI, podemos ler um artigo, assinado pelo cirurgião vascular J. Pereira Albino, sob a temática do linfedema.

O resumo desse artigo menciona que 

Os linfedemas dos membros apesar de serem relativamente frequentes nos países ocidentais, sobretudo na área oncológica, têm sido praticamente ignorados na literatura portuguesa e poucos têm sido os trabalhos publicados nesta área. Contudo, são motivo de grande incapacidade funcional e estética, pelo que decidimos fazer uma revisão dedicada ao diagnóstico clínico e à terapêutica médica, dando relevo ao edema do dorso do pé, ao sinal de Stemmer e à terapia fisiátrica descompressiva completa, que associada á terapêutica farmacológica e à compressão elástica permitem o controlo da maioria destes quadros. A terapêutica cirúrgica está reservada a casos pontuais e considerada sempre como adjuvante de uma terapêutica médica intensiva, que deve acompanhar o doente para o resto da vida”.


Para ler o artigo na sua totalidade sugiram que sigam o link da revista (página 109-114)




Recomendações nutricionais na presença de Linfedema

Inês Carretero
Nutricionista
O linfedema é um problema de saúde que não deve ser negligenciado, uma vez que afeta diversos doentes, especialmente com cancro de mama ou em remissão, invariavelmente com uma associação e impacto negativo na qualidade de vida dos doentes e respetivas famílias. Estudos recentes remetem o linfedema secundário ao cancro de mama como um dos mais angustiantes e temidos efeitos tardios que normalmente pode ocorrer entre 1 a 5 anos ou mesmo 20 anos após o tratamento do cancro.

A nutrição assume um papel preponderante na prevenção e controlo do linfedema. Existem diversos fatores de risco modificáveis como a hidratação, o moderado consumo de proteína, a inflamação e stress oxidativo, higiene e segurança alimentar, o sedentarismo, presença de excesso de peso e obesidade, o colesterol elevado, o reduzido consumo de fibra e presença de uma dieta rica em sal, gordura e hidratos de carbono simples. Ao contrário dos fatores de risco não modificáveis como a mastectomia, a extensão da cirurgia axilar, o número de nódulos linfáticos positivos e a quimioterapia/radioterapia prescrita, a nutrição é uma ferramenta importante no sucesso do tratamento e prevenção do Linfedema. 

O excesso de peso e obesidade são conhecidos como dois dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de linfedema, com uma associação positiva para recorrência e sobrevivência no cancro da mama. Acresce a hipótese de existir uma forte associação entre a redução calórica e a implementação de um regime de perda de peso com a redução do volume do linfedema dos membros superiores. 

Deste modo, existem diversas recomendações nutricionais gerais para o controlo do linfedema, especialmente quando associado ao cancro da mama. Tenha especial atenção às dietas milagrosas e regimes de perda de peso desajustados, a dieta mediterrânica continua a ser o gold standard a adotar. Mantenha o seu índice de massa corporal (IMC) normoponderal (entre os 18,5-24,9kg/m2), mantenha a hidratação com água e infusões em detrimento das bebidas açucaradas, alcoólicas e produtos com cafeína naturalmente presente no chá, café e refrigerante como a cola. 

Fracione ao máximo as refeições ao longo do dia e ingira pelo menos cinco porções de frutas e vegetais diariamente (na proporção de 2/3). Aumente o consumo de alimentos integrais (pão, massas e cereais) e faça um esforço para reduzir o consumo de hidratos de carbono simples. É extraordinariamente importante diminuir o consumo de gordura, especialmente a gordura saturada, privilegiando deste modo o consumo de gordura monoinsaturadas como o azeite, óleo de amendoim amêndoas, azeitonas, abacate e gordura polinsaturada presente nos peixes gordos (salmão, sardinhas e cavala), sementes de linhaça, chia e frutos secos como as nozes, sempre em quantidades moderadas. Aumente ainda o aporte de fibra para uma média de 25-30g/dia e por último mas não menos importante limite o consumo de sal (<5g sal ou 2g de sódio), optando pela saudável substituição: ervas aromáticas, salicórnia, alho, cebola, cominhos.

Os alimentos detêm diversas propriedades terapêuticas, sendo por isso extremamente importante reconhecer e conjugar de forma moderada, equilibrada e variada, com o objetivo de potenciar ao máximo os benefícios nutricionais. 

Tenha especial atenção às propriedades depurativas presentes nos alimentos como a alcachofra, o limão, a beterraba, o aipo, o gengibre, o abacaxi, o pepino, os brócolos, os mirtilos, a couve, os espinafres e as cenouras.

As propriedades anti-inflamatórias poderão ser encontradas no alho, no gengibre, no açafrão e alecrim. Encontra-se também presente nos alimentos ricos em ómega 3, vegetais de folha verde-escuros, frutos secos como as nozes, a beterraba, a cebola, o azeite e por último mas não menos importante nas bagas e frutos vermelhos. 

Para promover a saúde e prevenir a doença, reforce o seu sistema imunitário através do consumo de alimentos ricos em vitamina D e vitamina C (morangos, kiwi, papaia, laranja e limão), selénio, zinco, cogumelos, iogurte, kefir, cebola, gengibre e alho. 

texto de:
Inês Carretero
R.DN, R.N, M.Sc.
2182N
Nutricionista do Mama Help 
Nutrição Oncológica 



Referências bibliográficas:

  • Patterns of Obesity and Lymph Fluid Level during the First Year of Breast Cancer Treatment: A Prospective Study, 2015.
  • Nutrition Considerations in Lymphedema, The benefits of a balanced diet, 2015. 
  • Patterns of Obesity and Lymph Fluid Level during the First Year of Breast Cancer Treatment: A Prospective Study, 2015.
  • Cancer-related lymphedema: evolving evidence for treatment and management from 2009 to 2014, 2014.
  • Lymphatic vessel insufficiency in hypercholesterolemic mice alters lipoprotein levels and promotes atherogenesis, 2014. 
  • General Nutrition Guidelines For The Patient With Lymphedema, 2012. 
  • Effect of vitamins C and e on antioxidant status of breast-cancer patients undergoing chemotherapy, 2012. 
  • Conservative and Dietary Interventions for Cancer-Related Lymphedema, 2011. 
  • Randomized controlled trial comparing a low-fat diet with a weight-reduction diet in breast cancer-related lymphedema, 2007. 
  • Oxidative stress in chronic lymphoedema, 2001.