Visão da psicologia sobre o linfedema

 

Soraia Louro
Psicóloga Clínica

A causa especifica do linfedema e a sua perceção poderá ser distinguida em dois aspetos: associado ao cancro uma vez que os gânglios linfáticos poderão ser retirados, juntamente com o tumor e trazer consigo o peso do reviver do cancro. E ainda, como doença primária, ou seja, o linfedema surge sem uma doença consigo.  

Esta doença apresenta sintomas como o inchaço dos membros, a sensação de peso, a limitação dos movimentos, a dor física e consequentemente, sentimentos de culpa e vergonha, o aumento dos níveis de ansiedade, o isolamento social e ainda, a incidência da perturbação depressiva (Alegrance, de Souza e Mazzei, 2010). Estes sintomas advém da característica física da doença, ou seja, sendo uma doença com características visíveis o doente tende a sentir-se envergonhado com o seu aspeto físico, adotando, muitas vezes, uma postura descuidada com roupas mais largas e sapatos igualmente mais largos e até, o cuidado com a imagem é esquecido (cabelo, maquilhagem). Consequentemente, a pessoa sente-se julgada pela sociedade em relação ao seu aspeto físico (incluindo familiares e amigos). Note-se que a pessoa sente-se rejeitada, levando-a a rejeitar a atenção e a ajuda dos mais próximos (conjugue), prejudicando as suas relações sociais e conjugal.

O isolamento social traz consequências negativas a nível emocional e psicológico. Isto é, quando a pessoa se isola do contato social estará a rescindir de um aspeto inato e essencial ao desenvolvimento humano. Assim, facilmente a pessoa irá desenvolver níveis de irritabilidade maiores, sensação de desprezo dos outros, alterações de humor repentinas e frequentes, níveis de stress maiores, sensação de apatia, maior fadiga e insónias. Quando existe uma associação à doença oncológica, surge ainda fatores como o reviver do processo da doença e o sentimento de culpa (sensação de que fez algo errado após a retirada do tumor e que originou esta doença).

Este encadeamento de fatores psicológicos e emocionais poderá levar a um risco considerável de desenvolvimento de uma perturbação depressiva. Quando tal acontece, a pessoa junta uma doença física e crónica a uma perturbação psicológica com consequências graves para si e para os seus familiares/amigos. Quando tal acontece, é sugerido o acompanhamento da equipa médica e de um psicólogo(a).

Metaforicamente, podemos olhar para o linfedema como um bloqueio relacional imposto, sendo necessário desbloquear os limites da pessoa e ajudá-la a compreender que deverá respeitar o seu corpo e os seus limites e aprender a retirar os aspetos positivos das situações. Ou seja, redescobrir o seu eu e aceitá-lo, tal como é.

 Soraia Louro 
Psicóloga Clínica