Maria João Carapinha |
Todos os relatos dos doentes que possuem linfedema comportam uma série de diagnósticos, de tratamentos, de despistagens até se chegar ao veredito final. Esta procura chega a demorar anos e até décadas, visto ser uma patologia pouco conhecida e estudada pela comunidade médica, tendo-se conseguido nos últimos anos um grande avanço a este nível.
No meu caso pessoal, levei duas décadas até ser referenciada
como doente portadora de linfedema, depois mais uma até conseguir ter
acompanhamento médico e tratamento adequados.
Ao longo dos anos quando o linfedema não é tratado
adequadamente vai-se agravando e consequentemente começam a surgir complicações
a outro nível como as infeções recorrentes (erisipelas), cansaço permanente, o
inchaço no membro afetado a aumentar, no meu caso, inchaço generalizado,
aumento de peso, dores nos membros inferiores e problemas de mobilidade.
Perante estas consequências que afetavam a minha rotina
diária e que me condicionavam a nível da mobilidade e também da minha profissão,
decidi há dez anos atrás ir a uma Junta Médica munida com exames e relatórios
médicos para que pudessem atestar a minha incapacidade e conseguir ter uma
melhor qualidade de vida e continuar a exercer a profissão que tanto amo.
Infelizmente, o que me foi dito é que o linfedema não era incapacitante, sendo
já na altura o meu membro inferior esquerdo o triplo do direito, as erisipelas
serem recorrentes, ter deixado de conduzir pois sentia dores horríveis ao
fazê-lo, nunca saber se de uma hora para outra estaria com uma infeção terrível
e com 40º de febre e a trabalhar longe de casa.
Passados cinco anos, voltei a recorrer a nova Junta Médica já
com outras patologias associadas, consequência de fazer todos os dias 100 Kms
para ir trabalhar, de ter de repente uma infeção e terem que me ir buscar ao
local de trabalho de urgência. Nessa altura, foi-me atribuída 44% de
incapacidade, frisando que os 60% só com “gangrena” na perna. Achei isso de uma
crueldade incrível, saí do Centro de Saúde magoada, mas acima de tudo
revoltada. Eu não queria a reforma, como eles me deram a entender, apenas
queria ter alguns benefícios para conseguir guiar um carro adaptado e não
passar viagens nos transportes públicos de pé e trabalhar mais perto de casa.
Este ano, voltei a insistir em nova Junta Médica, levei
diversos relatórios hospitalares de diversas especialidades, mas ia com pouca
esperança. Para minha admiração, a Junta Médica ficou bastante sensibilizada
perante a dimensão do membro com linfedema, das diversas consequências que
tenho devido a esta patologia, inclusive um dos médicos estava nas Juntas
Médicas anteriores. Desta forma, foi-me concedida uma incapacidade superior a
60% atestada pelo Atestado de Incapacidade Multiusos.
Para mim, foi uma vitória não apenas como forma de melhorar o
meu quotidiano e continuar a exercer a minha profissão, mas acima de tudo enquanto portadora de linfedema por
ver que começa finalmente a ser reconhecida como uma patologia incapacitante e,
por conseguinte, todas as outras patologias que lhe estão associadas.
Para mais informações ver o post Atestado Médico de Incapacidade Multiusos
testemunho de:Maria João Carapinha
Sou portadora de linfedema tipo II.E ainda trabalho dou aula em duas escolas.Minha perna direita e mais inchada que a esquerda e o meu pe esquerdo e mais inchado do que o direto.A minha mão direita e mais inchada que a esquerda.Estou tentando me aposentar por invalidez no INSS.Mas é a primeira vez que estou procurando pelis meus direitos como portadora de linfedema.
ResponderEliminarQue bom!!!Saber que esta tendo progresso.Sou portadora de linfedema tipo II.E estou tentando me aposentar pelo INSS.
ResponderEliminarNós estamos em Portugal, não sei como estão a correr as coisas no Brasil.
EliminarDesejo o melhor