24 estudantes infectados - o mosquito culex

A noticia que está nas páginas de um jornal nepalês, desde o passado dia 18 de agosto, é mais um alerta.

O Nepal está a um ano de encerrar um programa de saúde que tinha por objectivo erradicação da doença. No entanto um dos seus responsáveis refere:

...as pessoas ainda sofrem com a doença. Os mosquitos que causam a doença estão aqui e as crianças infectadas também estão aqui. "
... 
"... há uma possibilidade acentuada da doença se espalhar porque o mosquito que causa a infecção e as pessoas estão ambos aqui"

O Linfedema da Filaríase é transmitido pelo culex, um dos mosquitos que deposita as suas larvas no corpo humano e que provocam o Linfedema da Filariáse.

Poder-se-á dizer que "do rastreio" apenas 24 estudantes de 73 escolas estão infectados. No entanto, não nos podemos esquecer que estamos a olhar para um universo que estava a ser alvo de um programa e sobretudo não deixar de ter bem presente que a doença é transmissível (um mosquito que pique um ser infectado levará consigo  "tudo o que é necessário" para contaminar um outro ser humano que seja picado por aquele. 


de possível interesse: O Linfedema da Filaríase

Dispositivo de drenagem experimental para reduzir o linfedema utilizando um rato como modelo de estudo

Com um agradecimento à  Isabel Dias pela tradução, deixo aqui o resumo de um artigo publicado no European Journal of Vascular and Endovascular Surgery, Volume 57, Issue 6, June 2019, Pages 859-867



Dispositivo de drenagem experimental 
para reduzir o linfedema 
utilizando um rato como modelo de estudo

Objectivo

Apesar dos recentes avanços na pesquisa farmacológica e microcirurgia, o linfedema continua a ser uma doença incurável que afeta profundamente a qualidade de vida. Há uma necessidade urgente de abordagens inovadoras para restaurar o fluxo linfático contínuo nos tecidos afetados.
Assim, foi testado a eficácia na redução do volume de linfedema, de um dispositivo de drenagem implantado subcutaneamente, num membro posterior de um rato com linfedema.


Método

Foram utilizados ratos com linfedema crônico - provocado por remoção cirúrgica de gânglios linfáticos poplíteos e inguinais, seguido de radiação. Foi feita a monitorização do volume do membro através de fita métrica, conteúdo de água na pele por meio de medição da constante dielétrica e drenagem linfática via linfo fluoroscopia.

ver fonte
Após o estabelecimento do linfedema em 16 ratos, implantou-se subcutaneamente no membro afetado, um dispositivo feito de tubo de silicone, equipado com um sistema de bombeamento (com um tamanho mínimo) para restaurar de novo a circulação contínua do líquido intersticial.

Resultados

O tratamento do linfedema com o dispositivo de drenagem implantado, mostrou que 5 semanas após o implante, o volume excessivo foi significativamente reduzido em 51 ± 18% em comparação com a situação existente antes do implante.

Conclusões

O volume do linfedema no modelo de rato foi significativamente reduzido, restaurando a drenagem contínua do excesso de fluido usando um novo dispositivo implantado subcutaneamente, abrindo caminho para o desenvolvimento de um vaso linfático artificial.

Tanto quanto é do conhecimento dos autores, esta é a primeira vez que este tipo de abordagem  é investigada. Os resultados foram obtidos utilizando um modelo de membro posterior nos ratos.

O modelo de membro posterior de rato imita de perto os aspectos fisiopatológicos e anatômicos observados em pacientes com Linfedema crónico, sendo superior aos modelos de coelho, canino, ovino e suíno que exigem habilidades cirúrgicas altamente especializadas.

Existem no entanto limitações na utilização dos ratos, nestas experiências e que são as que estão ligadas ao tamanho do animal: as taxas de fluxo linfático são diferentes entre ratos e humanos. Além disso, o modelo requer radiação para desencadear a formação de linfedema, com a consequente lesão e inflamação temporária da pele.

No entanto, apesar dessas limitações, o modelo demonstrou ser útil e simples como ferramenta para testar a viabilidade de uma abordagem inovadora para o tratamento do linfedema.

Em comparação com as técnicas cirúrgicas existentes para o tratamento do linfedema, a abordagem proposta aqui apresenta várias vantagens. Em primeiro lugar, o dispositivo poderia ser implantado por qualquer cirurgião, sem a necessidade de conhecimentos altamente especializados bem como os equipamentos dispendiosos, normalmente necessários para micro-cirurgia. Em segundo lugar, a cirurgia poderia ser aplicada a todos os pacientes com linfedema.


ValentinaTriaccaa1MarcoPisanoa1ClaudiaLessertaBenoitPetitbKarimaBouzoureneaAimableNahimanacMarie-CatherineVozeninbNikolaosStergiopulosdMelody A.SwartzeLuciaMazzolaiaa
a Angiology Division/Lausanne University Hospital (CHUV), Chemin de Mont Paisible 18, Lausanne, CH 1011, Switzerland
b
Department of Radiation Oncology/DO/CHUV, Rue du Bugnon 46, Lausanne, CH 1011, Switzerland
c
Central Laboratory of Hematology/CHUV, Rue du Bugnon 46, Lausanne, CH 1011, Switzerland
d
Laboratory of Haemodynamics and Cardiovascular Technology, Institute of Bioengineering, Swiss Federal Institute of Technology (EPFL), Station 9, Lausanne, CH 1015, Switzerland
e
Institute for Molecular Engineering, University of Chicago, 5747 S. Ellis Ave, Chicago, IL 60637, USA

Texto completo aqui
Tradução:

o medicamento para o linfedema primário é um desfio científico

Este sábado a VenousNews publicou um comentário do cirurgião vascular Oliver Lyons  sobre o(s) medicamento(s) para o linfedema. No seu artigo pode ler-se:


Oliver Lyons, PhD

Existem muitos medicamentos disponíveis para tratar problemas relacionados com a circulação sanguínea, mas não há nenhum para o linfedema. 

O sistema linfático é complexo e a sua fisiologia, permanece menos  compreendida. 

O desafio científico no tratamento do linfedema primário é enorme. Mais de 20 genes diferentes podem sofrer mutação, causando um linfedema primário. Os deficits anatómicos e funcionais resultantes em cada doença podem ser surpreendentemente diferentes.  
...

Corrigir o problema subjacente em cada uma das muitas doenças genéticas diferentes pode exigir muitas terapias diferentes (embora algumas possam ser agrupadas).

Houve muitos ensaios para o linfedema, ..., incluindo 15 com Benzo-pyrones ...mas sem qualquer evidência convincente quanto ao benefício clínico, e há preocupações em torno da hepatotoxicidade. 

...

Num pequeno estudo controlado, feito num grupo de pacientes com linfedema primário ou secundário, verificou-se que o tratamento com Ketoprofen não reduziu o inchaço dos membros inferiores, mas produziu melhorias na histologia da pele. Infelizmente a Agência de Controle de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) emitiu uma advertência para o Ketoprofen, e há preocupações sobre o uso  deste medicamento...


O autor deste comentário agora publicado refere, como resumo, que, na verdade, há grandes progressos mas mais estudos são necessários para trazer o(s) medicamento(s) para a rotina clínica.

Todo o artigo pode ser lido aqui

artigos relacionados:
Linfedema e os medicamentos ketoprofen e Ubeninex/Bestatin
Possibilidade de medicamento para o linfedema


Uma rotina que faz parte da higiene diária

O exercício físico faz parte da higiene diária. É neste enquadramento que a Fisiologista do Desporto Fátima Ramalho inicia este seu video, que partilhamos este seu com alegria.

Como doente de linfedema confesso que não estou apta a fazer todos eles mas sem dúvida que é estimulo, tanto mais que aprendi, com a prof Fátima Ramalho, que devemos sempre tentar e adaptar o exercício às nossas capacidades (não conseguimos fazer a totalidade fazemos até onde conseguimos. 

Vamos fazer a nossa higiene diária completa?

Eu vou tentar!

E, para já, vou-me inspirar no video J


O exercício perfeito para os meus dedos com linfedema!



Resolvi partilhar esse vídeo como mais uma ajuda para pessoas que, como eu, tem linfedema primário e sofre com o inchaço principalmente nos pés. No meu caso o linfedema concentra-se na parte baixa da perna e nos pés, em especial do lado direito. Com isso, fui obrigada a aumentar o número dos meus calçados porque não suportava mais a pressão nos dedos. Meus dedos incham bastante, ao ponto de algumas vezes ficar com pouca mobilidade. Sempre disse isso aos fisioterapeutas até que um dia apontaram-me esse exercício, que é perfeito para o meu problema. É um exercício simples, que pode ser feito em casa sem nenhum equipamento especial e que ajuda muito a drenar o edema dos dedos. A recomendação é que se faça de 2 a 4 séries de 15 repetições para obter algum resultado.

Fica essa dica para que tem os dedinhos inchados e espero que os ajude.


Cibelle Ignatti
Linfedema Primário


Eu tenho linfedema - um poema de Alison Mahoney



Alison Mahoney fala da sua (nossa) condição de doente com linfedema e da necessidade de falarmos sobre a doença e de a tornar conhecida.