“A solução tanto para a permanência como para o alcance é pegar em algo na sua vida que pode controlar e começar a agir nesse sentido. À medida que for fazendo, algumas das suas crenças limitativas vão desaparecer.”
Anthony Robbins
O desenvolvimento ou agravamento do linfedema é uma grande preocupação das mulheres com cancro da mama e essa preocupação limita a realização de atividade física e, principalmente, a realização de exercícios de resistência para ganho de força muscular.
As recomendações que são dadas para a prevenção do desenvolvimento do linfedema muitas vezes entram em confronto com a prática de atividade física, principalmente no que toca ao “carregar pesos” e às cargas mínimas recomendadas.
Acontece que, “carregar pesos” no dia-a-dia, muitas vezes de uma forma inadequada ou mantida é diferente de realizar um programa de exercícios com treino de resistência para ganho de força.
As recomendações para prevenção que são dadas, tornam-se generalistas, pouco adaptadas e é
certo que ainda não se sabe ao certo porque é que há pessoas que desenvolvem linfedema mesmo tendo todos esses “cuidados” e pessoas que, tendo ou não esse tipo de precauções, não desenvolvem linfedema.
Ft Sara Rosado com Adelaide de Sousa no programa Faz Sentido |
Agora, o que nos diz a evidência científica recente sobre o risco de desenvolver linfedema no cancro da mama e a realização de um treino de resistência para ganho de força muscular?
Foi recentemente publicada (2016) uma revisão sistemática (tipo de investigação científica que reúne criteriosamente vários estudos originais, sintetizando os resultados e avaliando criticamente a sua qualidade através de estratégias que limitam vieses e erros aleatórios) que teve como objetivos:
1. Sumarizar os resultados de RCT’s (estudos randomizados controlados) recentes que investigaram o efeito dos exercícios de resistência em pessoas com cancro da mama, com linfedema ou com risco de desenvolver.
2. Determinar se os sobreviventes ao cancro da mama conseguem realizar um treino com exercícios de resistência com intensidade suficiente para causar ganhos a nível da força muscular sem haver um agravamento ou surgimento do linfedema associado ao cancro da mama.
Resultados: Esta revisão incluiu seis estudos randomizados controlados, envolvendo 805 sobreviventes ao cancro da mama. Os estudos incluídos vão de encontro aos objetivos desta revisão e aos critérios de inclusão, apresentando uma boa qualidade metodológica (aproximadamente 7 em 10 na PEDro scale).
Os resultados desta revisão indicam que os sobreviventes ao cancro de mama podem realizar exercício de resistência a intensidades suficientemente altas para provocar ganhos de força muscular sem desencadear alterações no estado do linfedema.
Conclusão: Evidência forte indica que os exercícios de resistência produzem ganhos significativos na força muscular sem desencadearem linfedema associado ao cancro da mama.
Texto de fisioterapeuta Sara Rosado, adaptado do artigo: Nelson NL. Breast Cancer – Related Lymphedema and Resistance Exercise: A Systematic Review. J Strength Cond Res. 2016.
A evidência científica tem-nos demonstrado a importância do exercício durante e após os tratamentos para o cancro da mama e tem vindo a dar relevância à questão do linfedema, indicando que mesmo o exercício de resistência não demonstra ter um impacto negativo neste problema e que ainda se pode ter ganhos significativos na força muscular.
Se fez esvaziamento ganglionar axilar, tem risco de desenvolver linfedema e isso poderá acontecer, no entanto, não há uma relação entre a realização de exercício físico e a incidência do linfedema.
Atenção, os programas de exercício físico devem ser rigorosamente adaptados à pessoa, à sua condição física e clínica. Um programa de exercício físico mal elaborado e mal executado aumenta o risco de lesões ou agravamento de outros parâmetros clínicos, tal como em indivíduos sem doença oncológica.
“Por trás de tudo o que pensamos, vive aquilo em que acreditamos, como supremo véu dos nossos espíritos.”
António Machado
Às vezes é preciso desmistificar, reavaliar crenças, duvidar, questionar e selecionar criteriosamente a fonte de informação.
A sua saúde também está nas suas mãos!
Fisioterapeuta Sara Rosado
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