Linfedema: C H Tondela Publicou um Caso Clínico

Já foi publicado em 2013, este Caso Clínico. Mas,  só agora chegou ao meu conhecimento o estudo feito por técnicos do Hospital de Medicina Física de Reabilitação no Centro Hospitalar de Tondela, em Viseu. 

Publicar resultados, sobretudo em português, é sempre algo que me deixa satisfeita por isso, mesmo com esta distância no tempo não posso de deixar de partilhar esta "descoberta" com cada um de vós.

No resumo do trabalho, pode-se ler, no último parágrafo:
"O objetivo deste trabalho é, a propósito de um caso clínico de Linfedema Primário, recolher informação relativa ao tema Linfedema, abordando alguns aspetos epidemiológicos, etiológicos, diagnósticos e terapêuticos relevantes"
extraído da pág 77 da Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação

Hospital de Gaia foi notícia

Já  aqui tinhamos falado de cirurgia linfática. Mas, foi agora noticiado, através da Agência Lusa, a cirurgia que decorreu no Hospital de Gaia. 

Uma paciente de linfedema no membro superior, após cancro de mama, foi submetida a um transplante ganglionar e é o Dr Gustavo Coelho, Cirurgião Plástico no Hospital de Gaia, que, nas noticias, faz o enquadramento desta cirurgia.


                                                                                                                                                  fonte

Alguns dos locais onde se pode ler esta noticia:

Público
Diário de Noticias








RTP


No intervalo da chuva, Nordic Walking

O tempo esteve incerto esta manhã. Mas, mais uma vez a ANDLinfa|Associação Nacional de Doentes Linfáticos, com a colaboração ESDRM|Escola Superior de Desporto de Rio Maior, promoveu uma acção de Nordic Walking, durante a manhã de hoje, na Quinta das Conchas - Lisboa.



Em Alcoitão aconteceu!


As  Fisioterapeutas Susana Duarte e Carla Carvalho resumem, desta forma, a Conferência “Um dia pelo Linfedema”:


No dia 12 de Novembro realizou-se a Conferência intitulada “Um dia pelo Linfedema” no auditório do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA). Este evento foi destinado a profissionais de saúde, utentes e população geral, tendo como objetivo a partilha e a divulgação do estado de arte atual e salientando a importância da multidisciplinaridade no tratamento desta condição. 



A Conferência iniciou-se com as boas-vindas da Comissão Organizadora, as fisioterapeutas Carla Carvalho e Susana Duarte, da Directora Clínica do CMRA, Drª Maria de Jesus Rodrigues e da Terapeuta Directora, Drª Lia Jacobsohn, que destacaram a relevância da realização deste tipo de eventos e agradeceram a presença de todos os participantes.



A moderar a primeira mesa de oradores, esteve a Drª Natália Martins. O primeiro a partilhar os seus conhecimentos foi o Dr. José Pereira Albino com o tema Como posso saber se tenho um linfedema? Diagnóstico e Conceitos gerais, onde
foram abordados factos históricos sobre o desenvolvimento da linfologia em Portugal, a definição e classificação do linfedema, bem como os sinais e sintomas a ter em conta na identificação da condição. Seguidamente, tivemos uma apresentação do Dr. Carlos Mavioso, intitulada Opções cirúrgicas no tratamento do linfedema, que procurou informar os participantes relativamente às diversas abordagens cirúrgicas disponíveis, tanto em contexto internacional como em Portugal. 



Seguiu-se a segunda mesa, que foi moderada pela Drª Maria da Lapa Rosado. A primeira a dar a sua contribuição foi a Drª Alexandra Medeiros, psicóloga, com a Linfedema e o seu Impacto Psicológico. A sua palestra centrou-se na apresentação de um protocolo de avaliação de utentes com linfedema que teve como objetivo identificar as consequências psicológicas da presença desta condição e traçar um perfil psicológico destes utentes. 





A apresentação seguinte foi da responsabilidade da Drª Inês Carretero, nutricionista, com o tema Recomendações nutricionais na presença de linfedema, onde foram destacados todos os cuidados a ter em conta na seleção de uma dieta equilibrada e específica para pessoas com linfedema, salvaguardando a necessidade de um plano alimentar individualizado e ajustado a cada indivíduo.

Ainda nesta mesa, seguiu-se a temática Feridas e linfedema – desafios e soluções, abordada pela enfermeira Rita Marques, onde foram apresentados diversos casos de utentes com alterações cutâneas e de que forma estes problemas foram solucionados através dos cuidados prestados pela Enfermagem. 



Por último, a Drª Manuela Lourenço Marques salientou A importância de estarmos juntos!. A presidente da ANDLinfa falou da sua história como doente linfática e das motivações para o crescimento da Associação, destacando o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela mesma e de que forma é possível todos nos envolvermos nesta causa. 





No período da tarde, iniciou-se a terceira e última mesa, moderada pela fisioterapeuta Margarida Sobreira. A palestra Linfedema – Quais os desafios da Fisioterapia? esteve a cargo da fisioterapeuta Conceição Rebelo de Andrade, que enfatizou o processo rigoroso de avaliação e intervenção num doente com linfedema, bem como a importância de dar uma resposta atempada e ajustada às necessidades dos utentes.




Seguiu-se a contribuição da Fisioterapeuta Inês Morgadinho Rodrigues, com o tema Produtos de apoio na reabilitação do Linfedema, que abordou a relevância da utilização de contenção elástica nesta condição e as diferentes alternativas disponíveis no mercado. 


A Drª Joana Henriques, fisiatra, com a apresentação Percurso do utente com linfedema no CMRA, deu a conhecer a existência desta área de intervenção no Centro e explicou o trajeto dos utentes no mesmo, desde a sua admissão até receberem os cuidados de saúde necessário. 
Por último, a Medi, empresa parceira do evento, encerrou a mesa com uma demonstração do Circaid® de membro superior e de membro inferior, realizada pelo enfermeiro Alberto Oliveira. 


Tendo este evento sido realizado no Dia Nacional da Fisioterapia (12 de novembro), a Conferência foi encerrada com as palavras da fisioterapeuta Elsa Silva, representante da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas e do fisioterapeuta João Paulo Pequito, Presidente do Sindicato dos Fisioterapeutas Portugueses. A Comissão Organizadora, as fisioterapeutas Carla Carvalho e Susana Duarte, mais uma vez, agradeceram a presença dos participantes e a colaboração de todas as pessoas envolvidas, nomeadamente, oradores, moderadores e Unidades de Apoio do CMRA. 
Fica um balanço muito positivo deste dia e a esperança de que surjam mais oportunidades para reunir todos os interessados em demonstrar que o linfedema existe!



Texto de:
Carla Carvalho e Susana Duarte
Fisioterapeutas
12 nov 2016

Um passo de gigante no tratamento do linfedema





Foi nas minhas pesquisas exaustivas para encontrar soluções para o linfedema da Leonor que encontrei muitas referências à Clínica Földi. Desde logo, ficámos com uma enorme vontade de lá ir. 

Até que chegou mesmo o dia de partirmos para a Alemanha. Levávamos muitos receios na bagagem, mas que, rapidamente, se foram dissipando por percebermos que estávamos no sítio certo para tratar o linfedema da Leonor.

Neste momento, após quatro semanas de internamento, posso dizer que o balanço foi muitíssimo positivo. Para além dos ótimos resultados em termos de tratamentos, bastantes visíveis na redução do volume das pernas, aprendemos a fazer a drenagem linfática manual e a bandagem, o que nos permite dar uma resposta bem mais capaz no dia a dia.

A partilha de experiências com outras pessoas com a doença e com outros pais que estão a passar por situações idênticas também foi fundamental e encheu-nos de coragem. Foram muitas as histórias de vida extremamente difíceis por falta de um diagnóstico correto e de tratamentos adequados, mas outras tantas de sucesso na forma como tratam e lidam com a doença.   

Foi um mês de muito trabalho, mas que, sem dúvida, valeu a pena. Sentimos que demos um passo de gigante no tratamento do linfedema da Leonor. E continuaremos a dar os que forem precisos. 

A Leonor não desiste e nós também não! 

texto de:
Filipa Moreira
mãe da Leonor

Exercício Fisico para sobreviventes de Cancro de Mama - Nordic Walking


















No passado dia 28 de outubro foi publicado, no Journal of Physical Therapy Science, um estudo que teve como objectivo verificar os efeitos do Nordic Walking|Caminhada Nórdica e Caminhada, nos sobreviventes de cancro de mana, tendo para isso sido controlada a perimetria e a retenção de linfa.

Este trabalho contou com técnicos do Departamento de Medicina e Ciência do Envelhicimento e do Departamento de Ciências Médicas, Orais e Biotecnológicas, da Universidade de Chieti-Pescara, do Sportlab (um laboratório de medicina Desportiva), do Departamento de Ciências Médicas da Universidade de Cagliari  e com Cristina Gonzalez Castro, que já aqui tinha sido referida,   quando partlhei convosco o artigo sobre Nordic Walking” no tratamento do linfedema primário e secundário.

Na conclusão, a que estes técnicos chegaram, pode-se ler que o Nordic Walking, só por si ou combinado com outras técnicas, deve ser prescrito não só para prevenir o linfedema dos membros superiores como forma de tratamento.

O artigo, publicado Journal of Physical Therapy Science, pode ser lido na sua totalidade aqui.


Um Dia Pelo Linfedema - Conferência

Este evento é aberto a todos os profissionais de saúde interessados no tema da conferência, estudantes e população em geral. 
A inscrição é obrigatória e gratuita.

Faça a sua inscrição para gic-cmra@scml.pt 
Coloque no assunto, do mail o seguinte texto: " Inscrição para a Conferência Um dia pelo Linfedema"
O mail deve conter o seu nome, situação profissional e|ou o motivo que o leva ali (doente de linfedema, outro)
programa  também aqui





Lipedema - Espanha












O Lipedema tem sido divulgado em Espanha por várias Associações de linfedema e a Adalipe é a primeira Associação a focar-se apenas no Lipedema, estando a desenvolver chamadas de atenção para a patologia, pretendendo com isso reconhecimento da doença, em Espanha

 

Jornadas de Linfedema e Lipedema em Valência

A  ACVEL - Asociación Comunidade Valenciana de Enfermos de Linfedema y Lipedema convida a assistir às Jornadas no próximo dia 29 de outubro



12 nov 2016 | Susana Duarte e Carla Carvalho, convidam-nos

 "UM DIA PELO LINFEDEMA" - no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão

Susana Duarte e Carla Carvalho, Fisioterapeutas














Somos duas fisioterapeutas e a nossa profissão ensina-nos a dar qualidade de vida a quem procura os nossos cuidados. Nos tempos que correm, dar qualidade de vida é também educar e informar. 

Talvez por desconhecimento, sentimos que o linfedema é uma condição de saúde pouco divulgada, embora o seu impacto físico, psicológico e emocional seja digno de atenção por parte de todos nós. A nossa sede de formação levou-nos em Janeiro ao evento “Linfedema e Lipedema – das necessidades do doente às novidades terapêuticas”, organizado pela ANDLinfa. Daí à vontade de continuar este trabalho, foram dois minutos (se tanto!). 

Ambas temos formação específica no tratamento do linfedema e um grande prazer em trabalhar nesta área, então porque não fazê-la chegar a mais pessoas? 
Nove meses depois, aqui estamos! 

Esperamos proporcionar um excelente dia a todos os participantes através de diversos momentos de partilha e de informação

O Convite aqui fica para o dia 12 de novembro, a partir das 9:00h no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (brevemente o programa final).

Caso queira dar-nos o privilégio de juntar-se à inicitiva inscreva-se enviando um email para:
  gic-cmra@scml.pt 

A inscrição deverá conter as seguintes informações:
Assunto do Email: Inscrição na Conferência Um dia pelo Linfedema
Nome Completo
Situação Profissional (Ex.: utente, profissional de saúde, estudante ou outro)

programa  aqui


Tratamento do Linfedema - Alternativas Terapêuticas


Sara Rosado|Fisioterapeuta
Contextualização

Linfedema é a acumulação de fluido intersticial como resultado de uma drenagem linfática insuficiente (Brennan, 1992), como acontece no membro superior após os tratamentos para o cancro da mama. Isso acontece como resultado de uma destruição parcial ou total do sistema linfático com a cirurgia e a radioterapia. 

A incidência do linfedema varia entre 6% a 54% (Clark, 2005; Kwan, 2010; Norman, 2010; Park. 2008).

A variação da incidência é tão grande devido à falta de critérios para classificação do linfedema nos diferentes autores. 

Esta é uma condição extremamente debilitante com consequências a vários níveis (Engel, 2003; Paskett, 2007; Vassard, 2010).

Relativamente a factores de risco, a literatura não é muito consistente.

O fator mais associado é a extensão da cirurgia, ou seja, se houve esvaziamento ganglionar axilar e o número de gânglios que foram removidos. (DiSipio, 2013; Hayes, 2008; Meeske, 2008; Norman, 2010; Ridner, 2011). A radioterapia também está associada a aumento do risco de desenvolvimento de linfedema em alguns estudos (Kwan, 2010; Park, 2008).

Existem também algumas características clínicas apontadas como factores de risco, tais como, o Índice de Massa Corporal e o excesso de peso, que parece ser bastante consistente na literatura (DiSipio, 2013, Goldberg, 2010; Helyer, 2010; Ridner, 2011; Norman, 2010; Meeske, 2008).
Outros fatores de risco clínicos incluem gânglios linfáticos positivos e doença avançada (Kwan, 2010; Meeske, 2008; Park, 2008; Yen, 2009).

Terapias Conservativas para tratamento do Linfedema

Algumas terapias conservativas têm sido abordadas para o tratamento do linfedema, entre elas, o exercício físico. 

Debatido como ambos, fator de risco e redutor de risco (Ewertz, 2011). Por um lado, ele aumenta o fluxo sanguíneo e a pressão sanguínea no membro superior e, consequentemente, aumenta a produção de linfa. Por outro lado, a ativação muscular, estimula o fluxo linfático (muitas vezes referido como “pump”), aumentando a drenagem linfática. 

Exercícios com o objetivo específico de estimular o fluxo linfático das extremidades para o tórax podem reduzir o risco de desenvolver linfedema. Exercícios que aumentem a amplitude articular e a força do membro superior podem também aumentar o uso do membro superior nas atividades diárias e assim aumentar a drenagem linfática através da ativação muscular (Box, 2002).

A educação do paciente é também uma terapia conservativa muito importante e pressupõe que estes entendam as alterações de regulação do fluido linfático que afetam o membro superior e a influência dos fatores externos na regulação do mesmo, incluindo conselhos relativamente ao estilo de vida, como a manutenção dos níveis de atividade física e um índice de massa corporal dentro do que é saudável, informação para a autodetecção precoce de linfedema e retirada de medidas em caso de aumento de volume do membro superior (Box, 2002; Park, 2008). 

Na minha experiência profissional tenho verificado que os utentes são bombardeados com informações relativas a perigos, a tudo aquilo que não “podem” fazer. A lista costuma ser tão grande e tão “rudimentar” (peço desculpa pelo termo) que acabam por não fazer rigorosamente nada com aquele membro, o que aumenta o risco e agrava a situação em quem já desenvolveu linfedema secundário. Portanto, na minha análise, educação SIM, privação NÃO.
A monitorização e intervenção precoce é outra estratégia conservativa bastante importante que assenta na avaliação objetiva e follow-ups, favorecendo a deteção precoce, adequação de estratégias interventivas e redução da morbilidade (Stout, 2008).

Outra terapia conservativa bastante utilizadas na prática é a terapia compressiva. Consiste em utilizar material compressivo de diferentes classes, utilizando também a pressoterapia. O principio para a compressão é baseado na resistência ao edema, bem como para a melhoria do chamado “pump muscular”.
Por outro lado, e também bastante utilizada na prática clínica temos a Drenagem Linfática Manual (DLM). É uma técnica de massagem que envolve uma compressão leve na pele para estimular o fluxo linfático e estimulação manual dos gânglios linfáticos para aumentar a sua atividade. A evidência sugere que esta técnica é efetiva na redução do volume do membro superior em pessoas com linfedema, sendo habitualmente combinada com outras modalidades de tratamento com vista a otimizar o efeito (Devoogt, 2010; Preston, 2008; Torres, 2010). Alguns autores defendem o recurso à drenagem linfática manual para prevenir o linfedema por ativação das vias de substituição (Torres, 2010).

Discussão dos Resultados 

O linfedema secundário é muito frequente após os tratamentos para o cancro da mama. A falta de suporte e de acompanhamento após os tratamentos tem sido testemunhada por muitas pacientes minhas, tanto em contexto clínico como em palestras em que sou oradora. Acontece que, a evolução da medicina, da tecnologia, da ciência, tem aumentado a sobrevivência ao cancro. 

A minha questão é: O que é que estamos a fazer com essa sobrevivência? Um paciente que passou por uma experiência de cancro é um doente crónico, não basta “eliminar o bicho mau”, isso não é suficiente.

Relativamente ao linfedema, a “educação do paciente” é realmente aplicada na prática, mas é importante perceber de que forma está a ser aplicada. Por norma, da minha experiência, são dadas uma série de normas restritivas às atividades da vida diária que, a longo prazo, causam um enorme impacto a nível físico e também a nível emocional e psicossocial. Na maioria das vezes nem são abordadas as terapias para redução e controlo do linfedema que estão disponíveis, caso a situação ocorra. 

Ainda não se consegue perceber porque é que existem pessoas que, nas mesmas circunstâncias, desenvolvem linfedema e outras não desenvolvem. Então a solução será restringir a atividade do membro superior e com isso ter outra dose de consequências e ainda assim não garantir que o linfedema ocorra? Isto parece-me um tipo de educação do género: “Eu não sei o que pode fazer por isso o seguro é dizer para não fazer nada”, sem querer ferir suscetibilidades. Os resultados desta revisão sistemática indicam-nos que a intervenção para tratamento e prevenção do linfedema deve conter diferentes terapias e que as terapias combinadas têm melhores resultados que apenas a educação do paciente, na maioria dos outcomes. No meio de todos os números, há um parâmetro que, na minha opinião, deve ser destacado: a monitorização. Educar precocemente com os meios adequados e dando a informação baseada na evidência, diagnosticar precocemente e intervir precocemente, para isto é preciso monitorizar, ou seja, controlar, supervisionar. Resumindo, é preciso estar presente. De todos os resultados, quero salientar também a consistência na evidência no que toca à segurança na realização de exercícios de resistência de forma progressiva e devidamente acompanhados, sugerindo que pode até reduzir o risco de linfedema (Sagen, 2009; Schmitz, 2010). A mobilização precoce do ombro também é extremamente importante para acelerar a recuperação funcional do membro superior nos primeiros seis meses (Bendz, 2002; Cinar, 2008; Todd, 2008). 

A drenagem linfática manual em combinação com outras terapias (compressiva e exercício) apresenta resultados significativos na prevenção e controlo do linfedema (Castro-Sanchez, 2011; Torres, 2010), sendo que, é difícil avaliar o seu impacto de forma isolada porque os resultados são muito influenciados pela dosagem, tipo e forma de administração. A dificuldade em definir “linfedema” de forma objetiva e o facto de diferentes estudos utilizarem diferentes conceitos também dificulta a interpretação dos resultados. Quando se analisam resultados de forma crítica devemos sempre ter em conta a qualidade metodológica dos mesmos, mas é importante perceber que extrair resultados utilizando diferentes estudos nem sempre é fácil e é necessário que nos foquemos no que é mais significativo, tendo sempre em consideração que pode não ser “estatisticamente significativo”, mas que na prática, com uma determinada pessoa, aquele resultado pode ser de extrema importância. 

É importante repensar estratégias interventivas no cancro da mama, é importante o acompanhamento multidisciplinar, o acompanhamento contínuo que não se foque apenas na sobrevivência e em controlar recorrências, mas que se foque também no impacto dos efeitos secundários dos tratamentos a todos os níveis.
Ás vezes não chega eliminar a causa, é preciso perceber exatamente o que ela causou.


Texto: 
Sara Rosado 
Fisioterapeuta

Baseado na revisão sistemática:
Stuiver MM, tem Tusscher MR, Agasi- Idenburg CS, Lucas C, Aaronson NK, Bossuyt PMM. Conservative interventions for preventing clinically detectable upper-limb lymphoedema in patients who are at risk of developing lymphoedema in patients who are at risk of developing lymphoedema after breast cancer therapy. Cochrane Database of systematic Reviews 2015, Issue 2. Art. No.: CD009765. DOI: 10 .1002/ 14651858. CD009765. Pub2

Versão completa:

A fisioterapia aquática no tratamento do linfedema pós-mastectomia

O trabalho de Adriana Paula Fontana Carvalho (1) e Elbens Marcos Minoroli de Azevedo (2)  data de 2007  e embora seja claro ao concluir  que seria importante um estudo mais amplo, com a observação de um maior número de casos pode-se ler no seu resumo o seguinte: 

"O tratamento cirúrgico para o câncer de mama é descrito desde 1894 até a atualidade, como um dos mais eficazes, sendo o linfedema de braço uma das mais freqüentes complicações crônicas.
Esta complicação, hoje em dia, é abordada através da fisioterapia em diversos aspectos e com resultados crescentes na melhora da sintomatologia geral, que envolve sintomas físico-funcionais e emocionais. Com o conhecimento dos efeitos fisiológicos benéficos que o tratamento utilizando a fisioterapia aquática oferece, seria de grande valia verificar a aplicabilidade destes efeitos no linfedema de braço, pós-mastectomia, em relação à fisioterapia em solo, considerada como a convencional. Esta técnica fundamenta-se nos conceitos e efeitos causados pela pressão hidrostática, que a água exerce sobre os tecidos e corpos imersos, que é diretamente proporcional à profundidade e a densidade do fluido, e opõe-se a tendência dos líquidos em acumular-se nas extremidades, promovendo a redução de edemas. Com a experiência no emprego da fisioterapia aquática para o tratamento de linfedema de braço, pós-mastectomia, realizada em nosso serviço, observamos que esta é uma alternativa interessante, haja vista propiciar amplos benefícios quando comparada a fisioterapia convencional"
todo o artigo aqui



(1)  Programa de Pós-graduação de Mestrado em Medicina e Ciências da Saúde Universidade Estadual de Londrina – UEL/ Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Curso de Fisioterapia
(1) Universidade Norte do Paraná (UNOPAR)

(2) Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Setor de Oncologia Ginecológica e Mastologia
(2) Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Um olhar para os educadores e professores










Saiu, neste mês de agosto, duas recomendações para os portadores de doenças incapacitantes:

A Resolução da Assembleia da República 172/2016, de 4 de agosto recomenda ao governo um olhar para os docentes portadores de doenças incapacitantes permitindo redução da componente letiva do horário de trabalho ou o desempenhar atividades não docentes, tendo como base o parecer das juntas médicas, independentemente de os docentes terem recorrido à mobilidade por doença.
A Resolução da Assembleia da República 173/2016, de 4 de agosto, propõe a alteração dos mecanismos de mobilidade de doença e a conversão da componente letiva em não letiva sem agravamento do horário dos educadores de infância e professores dos ensinos básicos e secundário

fonte: a imagem utilizada está aqui

Projeto almofadas do coração | Heart Pillow Project

foto daqui
Hoje chegou-me ao conhecimento, através da Fisioterapeuta Laura Xavier, a reportagem que saiu no rostos.pt, onde é dado a conhecer a distribuição de almofadas que foram desenhadas para apoiar o braço após intervenção cirúrgica e que têm o objetivo de aliviar a dor pós cirúrgica.

Lê-se naquela reportagem que as primeiras almofadas, que são em forma de coração, foram distribuídas pela Associação de Mulheres com Patologia Mamária e agora chegou a vez de ser feito pelo Hospital do Barreiro.

O "Hearth Pillow Project" (Projecto Almofadas do Coração), que tem origem desconhecida, teve a sua expansão quando uma enfermeira de oncologia, Janet Kramer-Mai, do  Erlanger Medical Center in Chattanooga, Tenn., passou pela experiência de cancro de mama, no ano de 2001.

Lipedema,vs linfedema - efeitos no sistema linfático

Numa das minhas pesquisas, na internet, sobre lipedema encontrei no blog do Dr Joachim Zuther dois post que falam sobre as principais diferenças entre linfedema e lipedema e também sobre os efeitos no lipedema no sistema linfático.

Começando por definir o lipedema como uma acumulação crónica progressiva e simétrica de gordura no tecido subcutâneo, que ocorre  quase que exclusivamente nas mulheres, num dos seus post é apresentado um quadro comparativo que pode ajudar a estabelecer as principais diferenças entre estas duas doenças:












Anteriormente, já este especialista havia mencionado que o lipedema não é raro e não é causado por um distúrbio do sistema linfático, sendo por vezes diagnosticado como linfedema bilateral, ou uma forma extrema celulite, ou mesmo obesidade mórbida. 

Mencionando um estudo da prof Ethel Földi, o Dr Zuther refere que o lipedema atinge 11% da população feminina e está associado a perturbações ou disfunções hormonais.

O lipedema pode ser diagnosticado com base em critérios clínicos (história, as características clínicas típicas) e pelo exame físico, não tanto com testes de diagnóstico. Esta doença, pode causar vários problemas de saúde secundários, incluindo problemas de mobilidade e até mesmo linfedema. 

A quantidade excessiva de tecido gordo presente no lipedema comprime os vasos do sistema linfático, que estão incorporados no tecido subcutâneo gordo. 

Fonte da imagem 
A imagem da linfangiografia, acima, mostra uma redução da capacidade do sistema linfático na área afectada.
Se a capacidade do sistema linfático fica reduzida este não é capaz de exercer as suas funções básicas de remoção de água dos tecidos, a linfa vai acumular, desenvolvendo-se o linfedema, cumulativamente ao lipedema, aumentando assim a complexidade do tratamento.

A ainda que referir que a qualidade de vida, física e emocional das pessoas com lipedema diminui bastante, com o avanço da doença, e muitas das vezes são diagnosticados como meros obesos.

Não se conhece a causa do lipedema pensa-se que esta doença pode estar associada a causas hormonais, hereditárias e pode começar a ser visível na puberdade atingindo uma maior expressão a partir dos 35 anos, aproximadamente. Por último refere-se que há alguns tratamentos que podem ser feitos para a seu não agravamento e para prevenir a sua evolução (drenagem linfática manual, é um exemplo) e que a lipoaspiração pode ser a intervenção cirúrgica a ser seguida.

Notas adicionais:
fonte da imagem








fonte da imagem



















os post do Dr Joachim Zuther que foram mencionados são:




Linfedema e exercício físico

ver plano de exercícios abaixo (tabela 2)



De acordo com as orientações do American College of Sports Medicine (ACSM, 2013) o doente linfático deve manter um estilo de vida ativo e exercitar-se pelo menos 2-3 dias/semanais, 30 a 60 minutos diários.

“Estudos indicam que a prática de exercício físico combinando o treino de flexibilidade, resistência, aeróbio, a utilização de bandas de compressão, de ligaduras de compressão e drenagem linfática, resultam em benefícios positivos significativos em mulheres com linfedema. Desta forma, este tipo de programa poderá resultar num aumento da funcionalidade da zona afeta e da saúde em geral do paciente”. 
(Brennan, & Miller, 1998)

Schmitz et al. 2009 e a National Lymphedema Network, 2013 sugerem as seguintes recomendações de exercício:
  • 10 Minutos de treino cardiovascular;
  • 5 a 15 Minutos de treino de core - músculos estabilizadores da coluna lombar (parede abdominal, extensores profundos da coluna, músculos do pavimento pélvico e diafragma);
  • 9 Exercícios de resistência para os principais grupos musculares (Costas, Peito, Membros Superiores e Membros Inferiores);
  • 30 Segundos de alongamentos para todo o corpo dando primazia as zonas afetas;

É de extrema importância ter atenção ao linfedema e em caso de alterações avisar o seu especialista, reduzir a intensidade do exercício (baixar carga ou resistência do elástico/banda), aumentar o tempo de repouso entre séries e exercícios, diminuir a velocidade da marcha ou corrida e no caso do treino de flexibilidade diminuir a amplitude do alongamento e prolongar o descanso entre exercícios ou repetições.

Se não existirem alterações o praticante deve aumentar a resistência do elástico/banda ou peso, usando sempre as bandas de compressão recomendadas pelo especialista. Este incremento deve ser feito quando se sentir confortável para tal. 
(Schmitz et al.2009)

Treino aeróbio:
O exercício aeróbio envolve o movimento de grandes massas musculares a fim de aumentar a frequência cardíaca (FR) até pelo menos 70% do máximo. Este tipo de exercício deve ser efetuado de forma gradual a fim de haver um conjunto de adaptações cardiorrespiratórias e cardiovasculares. (ver tabela 1)
O treino aeróbio gera também uma ajuda importante na sua gestão de peso, o que poderá ser de extrema importância para preservar as suas articulações.
PA, A. Position Statement of the National Lymphedema Network, 2013

Treino de Resistência:
O treino de resistência pode ser realizado sem movimento da articulação (isométrico) ou através do movimento da articulação dentro dos graus de liberdade da mesma (isotónico) deve sempre dar primazia ao exercício isotónico a fim de trabalhar toda a amplitude de movimento articular. A recomendação para este tipo de treino é que se inicie a prática de exercício utilizando exercícios calisténicos (peso corporal) e/ou bandas ou elásticos de baixa resistência, sendo que o número de repetições e séries deve ser baixo e aumentando de forma progressiva ao longo do tempo. (ver tabela 1)
Este tipo de treino poderá reduzir o volume do membro afetado quando efetuado em conjunto com a compressão e drenagem.
Alguns estudos afirmam que o treino de resistência não acarreta malefícios para o linfedema, quando executado de forma controlada e apropriada e inclusive trás benefícios para a saúde em geral.
                                                  PA, A. Position Statement of the National Lymphedema Network, 2013


Treino de Flexibilidade:
Este treino é aconselhado pois poderá ajudar a manter ou aumentar a amplitude do membro afetado bem como poderá ajudar redução das cicatrizes (em caso de pós-cirúrgico) e das contraturas musculares que muitas vezes são responsáveis por uma diminuição do fluxo linfático.

Apesar de isto não ser um tratamento poderá fazer parte de uma opção de mudança de estilo de vida que o paciente decida iniciar a fim de aumentar a sua funcionalidade diária. (ver tabela 1)

Contudo é de extrema importância que tenha a patologia já controlada e acompanhada por um especialista antes de iniciar o treino de flexibilidade.
                                                     PA, A. Position Statement of the National Lymphedema Network, 2013



Aeróbio
Resistência
Flexibilidade
Frequência
3-5 dias/semana
2 -3 dias/semana
Todos os dias
Intensidade
Moderada – 40% a 60% FCR*
Vigoroso – 60% a 85% FCR
60% a 70% 1RM**
Amplitude do movimento confortável e não lesiva
Tempo
Moderado – 150 min/semana
Vigoroso – 75 min/semana
1 a 3 séries
8 a 12 repetições

Tipo
- Natação
- Caminhada
- NordikWalking
Treino Funcional para grande grupos musculares
Alongamento de todos os grupos musculares com primazia para o membro afetado
Progressão
A progressão deve ser moderada e calma, sendo que se sentir que o exercício está a gerar sintomas adversos ou cansaço fora do usual, deve procurar o seu médico e reduzir ou inclusive regredir na progressão do exercício.
Tabela 1: Recomendações FITT para doentes oncológicos, ACSM, 2013, pp.267
*FCR- Frequência cardíaca de Reserva (calcula-se através da subtracção entre a Frequência Cardíaca máxima e a de Repouso)
**1RM  - 1 Repetição Máxima - máxima resistência que consegue mover uma única vez, na amplitude total de movimento e de uma forma controlada


Plano de treino de resistência

O treino de resistência muscular deve ser executado sempre tendo em atenção a postura e técnica correta, pode ser um bom início para uma mudança de estilo de vida. Pode também contactar um profissional da área do exercício e saúde para efetuar a prescrição do treino, porém tenha em atenção o historial do técnico, se já trabalhou com pessoas com linfedema, lipedema ou outras patologias semelhantes.

As sessões de treino de força resistente podem integrar um período de treino cardiovascular (ex: caminhada) e rotina de alongamento para os principais grupos musculares envolvidos, dando, nesta ultima fase, primazia ao membro afetado.

Iniciar o programa com 1 série de cada exercício com 12 a 15 repetições e aproximadamente 2 minutos de descanso entre cada exercício. Caso se sinta cansado pode aumentar o tempo de descanso.

Tabela 2: Plano de treino de resistência
Nota Importante:
Cada pessoa deve, em diálogo com os técnicos das respectivas áreas, ajustar a sua intensidade de treino ao seu caso e condição física 


Hugo Amaral
Licenciando em Desporto, Condição Física e Saúde
Escola Superior de Desporto de Rio Maior

Bibliografia

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