Agravamento de Edema Venolinfático durante o período de confinamento

Cinco sessões de fisioterapia, sensivelmente 3 semanas


Apresento-vos o caso de um edema venolinfático que já estava controlado há cerca de um ano e que voltou a agravar durante o período de confinamento, dando origem a uma tromboflebite.

Durante o período de confinamento a utente aumentou o seu peso e reduziu significativamente a sua atividade física, o que pode ter contribuído para o agravamento da situação clínica.

A utente procurou-me após o episódio de tromboflebite estar resolvido, no entanto, o edema, a dor e a sensação de peso permaneciam.

Na primeira avaliação o edema era mole, maioritariamente centrado na zona do tornozelo e perna (abaixo do joelho) e eram perceptíveis ao toque algumas fibroses que associei à tromboflebite.

O tratamento que sugeri à utente foi de encontro à minha avaliação das características do edema.

Atendendo ao facto que o edema é maioritariamente venoso, com uma elevada percentagem de micromoléculas, optei por realizar a pressoterapia após a drenagem linfática manual durante a sessão de fisioterapia.

Tendencialmente, os edemas de origem venosa, respondem positivamente ao tratamento por pressão pneumática intermitente (pressoterapia/ botas). No entanto, por se tratar de um edema misto, venoso e linfático, optei também por realizar a drenagem linfática manual.

A utente não apresentava contraindicações para nenhum dos tratamentos que foram realizados.

Além de olhar para o edema, verifiquei que o posicionamento do pé em carga também estaria a contribuir para exacerbar o edema em alguns pontos mais específicos, por esse motivo aconselhei o uso de palmilha feita por medida e adequada à utente.

Reforcei durante as sessões a necessidade imperativa do uso de contenção elástica durante o dia, tendo aconselhado uma classe II de compressão e uma malha circular.

Reforcei junto da utente a importância da correta hidratação da pele, da higienização e secagem dos dedos dos pés, da importância de serem tratados os fungos nas unhas, dos cuidados com picadas e outras situações que causem risco de ferida, da necessidade de manter um nível de atividade física adequado e também do cuidado com fontes de calor.

Durante as sessões, realizei drenagem linfática manual, pressoterapia e alguns exercícios com vista ao aumento da mobilidade.

Considero que os resultados foram positivos pela colaboração da utente e pela seleção adequada das estratégias de tratamento utilizadas, face às características do edema.

Serve este caso para percebermos que os resultados aparecem quando existe uma correta escolha de estratégias de intervenção e também quando o utente colabora no tratamento. O uso de contenção elástica é essencial nestes casos e é importante que tenhamos a real noção disso. 


O meu lipedema, pandemia e gravidez!

32 semanas de gestação, 8 meses de amor e aquele nervoso miudinho de que está quase!

Descobri que estava grávida em Dezembro passado! Uma mistura de emoções e sentimentos, no entanto, as preocupações também aumentaram!

No meio do choque e felicidade, ocorria-me o facto da minha saúde estar cada vez mais frágil e de ter ou não a capacidade de lidar contudo!

O primeiro trimestre, digamos que apenas tive os sintomas normais de grávida e que com tanta má disposição, o peso diminuiu e o lipedema andava esquecido, pois fazia a minha fisioterapia habitual com a drenagem linfática manual com a Fisioterapeuta Sara, no Hospital de Loulé e ia uma vez por semana até piscina, onde participava nas aulas de aquafit, evitando aqueles exercícios mais violentos e mexendo sempre as pernas.

Com a chegada do segundo trimestre, a situação mudou de figura! A nível de enjoos já estava melhor, mas com isso, veio também a pandemia! Tantos projetos que tinha! Iria começar com as aulas de Hidroginástica para grávidas, tinha já planeado caminhadas ao fim de semana á beira mar e tinha já preparado para investir em mais fisioterapia!

Nada disso se realizou. Teria que ficar confinada, tais como outras tantas pessoas! Com a presença assídua da tv, veio a má alimentação, baseada muitas vezes em alimentos ricos em glúten e lactose, piorando o tamanho da circunferência das pernas, aumentando o inchaço, começando a passar para os pés, manifestando assim também a presença de linfedema.

Muitas vezes não bastava colocar as pernas ao alto! As meias de compressão deixariam de me servir, apenas usando um par já muito antigo que estaria mais largo, as dores começaram a ser mais intensas e as varizes e derrames começaram a aparecer!

Início do terceiro trimestre e o desconfinamento é já uma realidade.  O numero de casos de Covid-19 voltam a aumentar e todo o cuidado é pouco. Planos de voltar as minhas sagradas massagens já existem, mas o calor excessivo lembrou-se de aparecer! Nada bom mesmo! Com isto tudo, o que interessa é que o bebé esta bem e espero passar estas últimas semanas, o mais confortável possível!

texto de:
Elisabete

COVID 19 - o impacto do isolamento nos doentes com linfedema

Devido à pandemia de COVID 19, a maioria dos países europeus teve vários graus de bloqueio. Muitos tratamentos essenciais foram cancelados, como o caso da fisioterapia. 


As lojas de apoio ortopédico, onde por norma nos dirigimos para obter material de compressão também ficaram encerradas. As instalações desportivas foram fechadas e, em alguns países, até as atividades físicas ao ar livre foram proibidas. Os hábitos alimentares foram alterados...

O primeiro bloqueio na Europa começou em algumas áreas da Itália começou em 21 de fevereiro, com todo o país afetado em 9 de março a partir dái os países europeus foram ficando fechados. Agora, desde este mês de junho, tudo tende a gradualmente regularizar-se. 

O grupo inglês de apoio ao doentes, L-W-O, iniciou uma simples sondagem que despertou à atenção da the lympha e a partir daqui outros grupos de doentes europeus também foram convidados, numa sondagem simples, a responder a uma simples questão: o seu linfedema piorou, melhorou ou manteve-se durante o confinamento?

Em Portugal o grupo que participou foi o Linfedema em Português, fica aqui desde já o meu agradecimento a todos os que participaram nesta sondagem cega.

Portugal tem um peso de seis por cento no total de respostas obtidas sendo que estas ajudaram a aferir que afinal não estamos muito longe dos números europeus (48% das pessoas pioram, 11% melhoraram e 41% não tiveram alterações).

Desta forma parece que poderemos concluir que ao que tudo indica os pacientes com linfedema são bastante sensíveis à mudança. Há uma probabilidade que uns, com melhores técnicas de autogestão, não tenham sido afetados. 

Tratando-se de uma simples sondagem, esta já mereceu um olhar atento por parte dos clínicos  que na última reunião da VASCERN.

Resta-me juntar o meu agradecimento, à the lympha que compilou os dados e à iniciativa do  L-W-O Support Group, Linfedema/Lipedema: gruppo di confronto, lymphoedème Family, Forum for lymfødem, Linfedema em Português, Lymfødem - gode råd, erfaringer og tanker