Nunca fui de muitos ativismos nem gosto especialmente de me expor nas redes, mas hoje é reconhecido o Dia Mundial do Linfedema, cuja causa que me toca pessoalmente e sinto vontade de partilhar a minha história convosco.
Há 4 anos foi-me diagnosticado Linfedema na perna esquerda, uma condição "crónica" sem cura, de insuficiência no sistema linfático, que impossibilita a drenagem dos líquidos na sua forma correta e provoca a sua acumulação no membro afetado, por não haver sistema muscular que permita o seu escoamento. O linfedema pode provir associado a doenças como o cancro de mama (mais comum), onde os gânglios linfáticos da axila são retirados, ou por vezes, como é o meu caso, estas insuficiências advêm de algum problema durante a gestação, manifestando-se nalguma altura da vida da pessoa (acontece maioritarimente nas mulheres).
Pois acreditem, nesta viagem já me aconteceu de tudo. Já sofri de dores terríveis, confusão emocional e auto-estima abaladas, e sim, comentários menos simpáticos. Com tudo isto, a resiliência é uma característica que se desenvolve e nos transforma em pessoas mais fortes e empoderadas.
Ao longo do tempo, aprendi a amar o meu corpo, e a estar feliz comigo mesma, mesmo não tendo o padrão de beleza imposto na sociedade de simetria, perfeição, principalmente num membro que é hiper-sensualizado nas mulheres.
Aprendi a lidar com a situação, a superar desafios todos os dias e a responder mais que uma vez ao dia a perguntas de curiosidade, mesmo quando não é o que mais me apetece. Porque é necessário que se saiba e se esteja informado das várias condições de saúde que, a bem ou mal, todos padecemos e apoiarmo-nos mutuamente, como uma comunidade global que partilha de problemas físicos e mentais idênticos.
Sinto-me abençoada e grata por tudo o que me foi proporcionado na vida e por todo o apoio e carinho dos que me rodeiam. Há que olhar para as coisas de um prisma diferente, de um ponto de vista mais profundo e agradecer os ensinamentos que vêm junto com a dor.
Obrigada pela atenção, e amem-se que a vida é curta, porra!
Texto e testemunho de Sofia Crespo
Psicóloga
Parabéns Sofia. É essa a maneira certa de viver a vida.
ResponderEliminarMuito obrigada pela partilha Manuela! Foi sem dúvida um desabafo vindo do meu âmago, com necessidade de ser ouvido o mais longe possível. É necessário e urgente o testemunho do máximo de pessoas possível, para uma conscientização global. Abraços!
ResponderEliminar:)
EliminarSe partilharmos dividimos carga e ficamos mais ricos