E o prémio vai para: LYMPHA de Boccardo

42º Congresso Sociedade Europeia de Linfologia

Mulhouse, 13-14 de Maio 2016


No 42º Congresso da Sociedade Europeia de Linfologia estiveram presentes oradores de várias nacionalidades, Europeias e de fora da Europa. Não houve nenhuma novidade estrondosa, mas várias apresentações interessantes e que deixam a vontade de seguir a sua evolução.

Linfedema Primário, os genes em questão...

Na primeira sessão, Epidemiologia, genética, anatomia e fisiopatologia do sistema linfático, falou-se das diferenças estruturais e fisiológicas do sistema linfático em relação aos outros sistemas circulatórios. A Prof. Dra. Etelka Földi salientou o fato de o linfedema puder surgir não só de alterações estruturais(genéticas ou cirúrgicas), como também da sobrecarga do sistema linfático.

O Dr. Mikka Vikkula, do Human Molecular Genetics, do Duve -IIstitute, Bruxelas, apresenta um trabalho em que foram identificadas as mutações responsáveis por 39% dos casos de linfedema primário com história familiar, esta descoberta é muito importante para a compreensão da origem da patologia e futuro desenvolvimento de um tratamento.

Andrzei Szuba, de Varsóvia-Polónia, fala sobre o diagnóstico diferencial do linfedema do membro infererior, e como alguns pacientes surgem em consulta com suspeita de linfedema, mas após uma avaliação minuciosa, incluindo com meios complementares de imagem podem apresentar patologias de outro foro.

Lympha Technique...a esperança no linfedema secundário
           
A  segunda sessão foi aberta pelo Dr. Francesco Boccardo, Genova-Italia, com os resultados de um follow-up de 4 anos de pacientes submetidos à sua nova técnica para a prevenção do linfedema após esvaziamento axilar o inguinal. LYMPHA quer dizer: Lymphatic Microsurgical Preventive Healing Approach ou Abordagem Linfática microcirurgica preventiva curativa, que consiste em multiplas anastemoses veno-linfaticas proximais ao local de esvaziamento.

 Nos pacientes com esvaziamento axilar apenas 3% desenvolveram linfedema, estando associado a um episódio de lifangite. Nos pacientes com esvaziamento inguinal ocorreu 1 caso de edema transitório, que acabou por se resolver, e 1 caso de linfedema definitivo.

Nesta sessão, enfatizou-se também uma técnica de coloração que permite evitar complicações linfáticas noutro tipo de intervenções cirúrgicas, sendo depois fechada por Alexandre Pissas, França, que observou os dados obtidos pelo seu serviço ao longo dos anos, e lançou a questão: será mesmo o esvaziamento axilar culpado do linfedema do braço após cancro de mama? Então porque é que sem esvaziamento axilar continuam a surgir casa de linfedema? E porque é que apenas 10% de 830 pacientes operados no seu serviço nos últimos 30 anos, desenvolveram linfedema?

As hipóteses levantadas estão relacionadas com a técnica cirúrgica utilizada e/ou com complicações linfáticas que danificam as estruturas.

Controvérsias em Linfologia

            Esta sessão foi realmente controversa...tão controversa e com pouco espaço de discussão, que ficamos no mesmo ponto em que partimos em algumas delas.

Em relação aos fármacos venotonicos, apenas quando à insuficiência venosa concomitante, no linfedema e suas complicações não tem aparentemente qualquer efeito.

lipoaspiração: Fazer ou não fazer...

Dr. Häkan Brorson, de Mälmo-Suecia, apresentou um follow-up da redução de volume após lipoaspiração em 146 pacientes com linfedema do membro superior e 56 paciente com linfedema do membro inferior. 
Todos os pacientes tinham um membro muito volumoso, e apesar de aderirem corretamente ao tratamento conservador não conseguiam resultados. Os resultados a longo termo foram satisfatórios, com uma melhoria de mais de 100% no volume ao longo de 20 anos para o membro superior e 10 anos para o membro inferior. Este tipo de intervenção obriga à utilização continua de compressão.

Já o Dr. Assaf Zeltzer, de Bruxelas- Bélgica, debate o impacto da lipoaspiração nos tecidos e a necessidade de utilizar vestes compressivas  dia e noite para manter os resultados obtidos. A sua equipe prefere fazer intervenções de reconstrução (anastemoses e ou transplante de nódulos linfáticos) e fazer lipoaspiração apenas em quadrantes específicos, depois de confirmada a função da reconstrução feita. Assim, permitem ao paciente deixar de utilizar compressão. No entanto, foram demonstrados resultados, mas não follow-ups dos resultados obtidos.

Drenagem linfática manual: abaixo ou acima de 30mmHg

Este foi o painel mais controverso, e no qual ficamos sem resposta...
           Dr.Albert LeDuc defende a necessidade de as manobras exercerem menos de 30mmHg, e Dr. Jean-Paul Belgrado afirma que a pressão exercida vai depender da posição da mão durante a manobra e da profundidade que queremos atingir, que a pressão de oclusão dos coletores foi de 140mmHg, e que a pressão a nível distal deverá ser superior que a nível proximal.

Mas o Elefante na sala foi: qualquer um dos oradores realizou os seus estudos em indivíduos com sistemas linfáticos saudáveis, serão os seus resultados aplicáveis a sistemas linfáticos alterados? Essa resposta fica por responder, apesar de ser possível observar resultados das técnicas em estudos de caso.

Novidades no tratamento físico e medico das patologias linfáticas:

       Neste painel foram abordados temas como:
  • a reabilitação do Axillary Web Syndrome(Leduc, A);
  • malformações linfáticas(síndrome de Cloves)(Vikkula, M)
  • um score para detecção precoce de linfangite para os profissionais da urgência (Maccio,A.)
  • controlo de qualidade no tratamento cirúrgico do linfedema (Brorson,H.)
  • resultados preliminares de um estudo demonstram que quando diagnosticado precocemente (volum linfedema relativo <8%) bastam medidas de auto-cuidado sem necessidade de compressão


Distúrbios linfáticos e malformações em pediatria

Neste painel foram explorados os tratamentos utilizados nas patologias linfáticas presentes ao nascimento ou associados a síndromes que incluem malformações linfáticas.

Novidades no tratamento cirúrgico de distúrbios linfáticos

O painel sobre o tratamento cirúrgico teve a participação da presidente da sociedade internacional de linfologia Dra. Ningfei Liu, que falou da sua experiência em Shanghai com o tratamento do linfedema primário.
Conrrado e Conrradino Campisi (Genova,Italia) falam sobre os métodos utilizados pela sua equipa na fase inicial do linfedema periférico(múltiplas anastemoses venolinfaticas localizadas) e nos estadios mais avançados(lipoaspiração com preservação dos linfáticos) e nos resultados obtidos.

Dr. Ruediger Baumeister (Munique, Alemanha) explica a sua técnica de transplantação de vasos linfáticos, quando a causa do linfedema é obstrução de vasos.

No segundo dia, os dois primeiros paineis foram direcionados para as complicações e casos especiais e Imagiologia. Depois começaram as comunicações livres, que sendo de 10 min sem espaço de discussão, foi difícil acompanhar todas as que achava interessantes, andei a saltitar de sala em sala.

Pontos mais interessantes do que foi possivel assistir:

  • O papel do TDC (tissue dieletric constant) na prevenção e detecção precoce do linfedema pós-mastectomia;
  • O papel das infecções (linfangites/erisipelas) nos resultados das anastemoses venolinfáticas, ficando no ar que brevemente será apresentado um follow-up a comparar o antes  e depois do uso de penincilina profilatica

45 Posters interessantes, com diferentes temas: estudos de caso, novas técnicas, métodos de avaliação e diagnóstico


E para o ano? Para o ano é em St. Petersbourg...

Inês Rodrigues
Fisioterapeuta

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Manuela (L de linfa)